Dom Pedro Cipollini
Bispo de Santo André (SP)

 

É grande a preocupação com acidentes de trânsito. Aumenta a cada dia a indisciplina no trânsito. Quando atentos para observar o que acontece, ficamos pasmos. Acontece de tudo, em termos de infração às regras de trânsito. Há consciência de que nesta questão, a situação é péssima. Dados da Polícia Rodoviária Federal apontam que em 2021, foram 64.518 acidentes, com 71.804 pessoas feridas e 5.393 mortas. Uma guerra?  

Com o tema “Juntos salvar vidas” a campanha Maio Amarelo/2022 (movimento mundial que acontece desde 2011, incentivado pela ONU), tem por objetivo conscientizar a população, sobre a necessidade de se reduzir acidentes de trânsito e evitar mortes. Por que amarelo? É o sinal de trânsito que indica atenção.  

A Organização Mundial da Saúde (OMS) preocupada com a situação que é global, lançou o Plano Global para a década de Ação para a segurança Viária (2021-2030) com o objetivo de reduzir ao menos em 50% o total de mortes e sequelas no trânsito. 

É preciso promover educação, solidariedade e respeito no trânsito. Em 2007 o Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes lançou  as “Diretrizes para o cuidado para a Pastoral da Estrada” que pode ser  conferido na íntegra no link: https://cutt.ly/dHj7SAQ. 

Aqui seguem em síntese o que diz este documento da Igreja, que se preocupa com a vida humana, dom de Deus. Estas orientações, transformadas nos Dez Mandamentos do trânsito seguro, estão sendo encampadas e divulgadas pela CNBB e outros organismos interessados em preservar vidas. Penso valer a pena considerar estes dez mandamentos: 

Não matar. O carro é instrumento a serviço da vida, convivência e progresso,  ao usá-lo se deve respeitar as leis de trânsito, para que isto aconteça; 

A estrada e as ruas devem ser para você instrumentos de ligação e comunhão entre as pessoas, e não local de risco de morte. Não as transforme em matadouros;  

Cortesia, sinceridade e prudência ajudam você a superar imprevistos. No trânsito é preciso manter o clima de respeito e amor ao próximo; 

Seja caridoso e ajude o próximo nas suas necessidades, especialmente as vítimas de acidentes. Amor e justiça são princípios indispensáveis para a convivência humana; 

Que o carro não seja para você expressão de poder e domínio. O bom uso do carro depende das boas intenções do motorista: o que se passa no coração se expressa nas relações; 

Convença com caridade, os jovens e os que já não o são, para que não dirijam quando estão sem condição de fazê-lo. Bom senso é princípio indispensável para discernir as condições de dirigir; 

Ajude as famílias das vítimas de acidente. A solidariedade é importante nas horas difíceis da vida. Faça ao outro o que você gostaria que lhe fizessem neste momento; 

Reúna a vítima e motorista agressor num momento oportuno, para que possam viver a experiência libertadora do perdão. Fogo não se apaga com fogo, nem violência com violência. Só o perdão liberta e da paz; 

Na estrada e na rua, proteja o mais vulnerável. Cuidado pela vida dos mais fracos  é expressão de grandeza e civilidade; 

Sinta-se responsável pelo outro. Ninguém é mais que ninguém, mas todos somos menos sem o outro. 

Concluamos: a organização das cidades começa por um pacto de civilidade entre os cidadãos, na busca de harmonia entre os projetos individuais e coletivos, através de normas e regas a serem cumpridas por todos. Se não observarmos as regras de trânsito estaremos caminhando para uma situação de violência urbana no trânsito, a qual vai competir com a violência propriamente dita, já existente.  

Acreditemos que a soma dos esforços de todos será compensadora para evitar um  “Deus nos acuda” no trânsito, com imprudência, falta de atenção, dirigir atendendo telefone celular, impaciência, nervosismo, pressa, embriaguez, etc. Criemos uma “Cultura d Estrada”, que se traduza em cumprir as regras de trânsito, assim, muitas vidas serão salvas.  

   

 

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