Santidade para a cura e alegria da humanidade

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)

No mês de novembro, junto à proximidade do final do ano litúrgico, iniciamos nossa reflexão sobre os novíssimos (a vida eterna), que esperamos com a grandiosa Solenidade do Dia de Todos os Santos. Nela resgatamos a grande lição do Concílio Vaticano II, a vocação de todos (as) os cristãos à santidade.

Nesta celebração, não pensamos somente nos Santos que já foram inseridos no catálogo oficial do Calendário Santoral, mas na imensa multidão de confessores e mártires citados na assembléia do Apocalipse. Trata-se, como afirma o Papa Francisco na sua Carta Apostólica Gaudete Et Exultate, de irmãos que estão na porta da santidade comum e cotidiana, de pessoas que, com sua vida luminosa e cheia de bondade, deixaram o mundo mais feliz e habitável.

Somos muitas vezes, como explica Pierre Weill, acometidos pelo mal da “normose” e da mediocridade, querendo não sair dos padrões do considerado conveniente e útil esquecendo, que ser pessoa humana, é sempre transcender-se a si mesmo, buscando o horizonte do sonho e da utopia de um mundo melhor. Os Santos são pessoas como a gente, que só fazem extraordinário e fascinante aquilo que é corriqueiro e maçante para muitos, pondo amor e toda a vida em cada atividade, gesto e relacionamento.

Elizabeth da Trindade sempre dizia que uma alma santa eleva toda a humanidade, é verdade, pois o sal e luz de que fala o Evangelho, que dão sabor a nossa existência, por vezes cinzenta e insossa, é dado por estes irmãos (ãs), que não se poupam, mas se entregam sem reservas a Deus e aos pobres.

Os Santos, sem buscá-lo nem querê-lo, operam as grandes transformações e mudanças na história, gerando uma humanidade mais compreensiva e solidária, capaz de sentir ternura e empatia para com seus semelhantes, curando as feridas da divisão e do ódio, da exclusão e da miséria. Que bom é termos entre nós esta pessoas que não nos deixam acomodarmos, que nos inquietam e acendem em nós aquela saudade e chamado para sermos melhores, que fazia a Charles Peguy expressar com uma mistura de revolta e desejo: “Há uma só tristeza, a tristeza de não ser santo”. Deus seja louvado!

 

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