Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

 

Celebramos neste dia 03 de fevereiro o dia de São Brás, que é exemplo de vida de cristão e invocado como protetor de todos os males da garganta e da voz. Embora seja uma memória facultativa, a nossa tradição soleniza esse dia com a bênção das gargantas. Normalmente no dia de São Brás, ao final da celebração Eucarística os fiéis recebem a benção da garganta. Com duas velas em formato da letra “V”, o sacerdote ou diácono aproxima a vela da garganta da pessoa e profere a seguinte oração: “Por intercessão de São Brás, te livre Deus, de todos os males da Garganta”. Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Segundo uma tradição de alguns lugares, essas velas são abençoadas no dia anterior, na festa da Apresentação do Senhor, ela é guardada e do dia seguinte o padre usa essa vela para abençoar a garganta dos fiéis. Pode ser abençoada também no mesmo dia com uma bênção especial. Neste ano, devido a pandemia, em nossa Arquidiocese existem três possibilidade de dar essa bênção das gargantas evitando o contato da cera (vela) com as gargantas dos fiéis.

A nossa voz deve ser usada, sobretudo, para falar das coisas do Senhor, para proferir palavras que edifiquem os outros e não palavras que firam quem as escute. Por isso a nossa voz deve ser protegida de todo o mal e por isso recebemos a benção de São Brás.

A nossa garganta é por onde passam os alimentos que consumimos, por onde passa a Eucaristia quando comungamos. Com a garganta boa, conseguimos respirar melhor e falar melhor, por isso recebemos a benção de São Brás. Nós usamos a voz para nos comunicar e para isso a nossa garganta deve estar boa, sobretudo para comunicar a Palavra de Deus.

Esforcemo-nos para participar da Eucaristia nesse dia de São Brás, pedindo a benção e a proteção dele contra todo o mal da garganta. Que por intercessão de São Brás possamos usar a nossa voz para comunicar boas notícias, sobretudo aquela que nos vem da Palavra de Deus.

Que São Brás abençoe todos aqueles que necessitam da voz para a sua missão, para o seu trabalho do dia a dia, como por exemplo: os missionários, religiosos, padres e diáconos que anunciam com amor a palavra de Deus.  Os radialistas e comunicadores que precisam da voz para entreter as pessoas. Os professores que precisam da voz para educar e os músicos que precisam da voz para cantar.

Peçamos a São Brás que a sua benção e proteção chegue a todas as pessoas, sobretudo aquelas que ainda não o conhecem, ou não acreditam em sua poderosa intercessão. Se você ainda não participou de uma missa de São Brás ou conhece alguém que nunca foi, esse é o momento de você ir ou convidar essa pessoa que nunca foi para irem juntas e receberem a benção de São Brás.

Esse ano se não for possível ir pessoalmente a Eucaristia devido a pandemia da Covid-19, sobretudo as pessoas que são do grupo de risco, podemos participar pela internet, TV ou rádio e receber com fé a benção de São Brás para a nossa garganta. Nos dias de hoje existem meios para recebermos a benção de Deus, ela chega até a nossa casa, basta acreditarmos e termos fé, se caso não for possível ir ate a Igreja recebamos a benção de São Brás em casa.

Que possamos além de pedir a benção de São Brás, possamos fazer a nossa parte cuidando da nossa garganta e da nossa voz diariamente. Tomando o devido cuidado com o que falamos e protegendo a nossa garganta, evitando tomar gelado, pegar vento frio, e tendo o devido cuidado com o que comemos.

São Brás nasceu na cidade de Sebaste, Armênia, no final do século III, São Brás primeiramente foi médico, mas entrou numa crise, não em relação a sua profissão, pois era bom médico e prestava um excelente serviço a sociedade. Ele entrou numa crise vocacional, pois nenhuma profissão por melhor que seja ocupa o lugar que é de Deus.

São Brás, por se abrir a graça de Deus foi evangelizado, foi batizado e sua vida deu uma grande guinada. Tal mudança não foi somente no âmbito da religião, mas também no profissional e muitas pessoas começaram a ser evangelizadas através da busca de santidade daquele médico.

São Brás em um certo momento da sua vida sentiu a necessidade que precisava se retirar. O retiro de São Brás foi ir até o monte Argeu e por meio da penitência e oração, buscava entender o plano de Deus para a sua vida. Ele se tornou religioso eremita e depois de alguns anos, ao falecer o bispo de Sebaste, o povo conhecendo a fama de São Brás, foi buscá-lo para ser pastor. Aceitou ser ordenado padre e depois bispo, pela vontade de Deus.

Como bispo, ele evangelizava através de seu testemunho de vida e sempre estava junto ao povo e cuidava dos fiéis. Era de fato, o bom pastor. São Brás viveu num tempo muito difícil, século III, em que a Igreja era duramente perseguida. Certa vez, o prefeito de Sebaste querendo agradar o Imperador e sabendo da fama de santidade de São Brás, mandou soldados a casa do bispo.

São Brás foi preso e sofreu muitas chantagens para abandonar a sua fé, mas ele permaneceu firme em que acreditava e em nenhum momento optou por abandonar a fé. Por esse motivo ele decide renunciar a própria vida, e em 316 foi degolado. Conta-se a história que ao dirigir-se ao martírio, uma mãe lhe apresenta uma criança de colo que estava engasgada por causa de uma espinha de peixe na garganta. Ele parou, olhou para o céu, orou e a criança foi curada.

Eis a via de santidade desse grande Santo da Igreja, que por seu exemplo de vida e por sua intercessão, sejamos sempre livres de todos os males da garganta. E possamos estar sempre prontos para anunciar com amor, fé e coragem a Palavra que nos salva.

São Brás, rogai por nós!

 

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