Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
A saúde é o alimento essencial para nossas vidas. Difícil imaginar algum doente feliz. Talvez seja por isso que as passagens bíblicas que narram o cuidado de Jesus Cristo com os pobres e enfermos estão presentes nos escritos sagrados de maneira tão contundente. Mais do que a cura, é preciso estar ao lado dos doentes.
Essa também é a mensagem de São Camilo de Léllis, cujo exemplo comoveu as multidões.
A doença nos leva à dor, nos empurra para uma vida improdutiva, incômoda, dependente e sobretudo infeliz. Não por acaso, a área da saúde é uma das que mais tem alcançado avanços na história da humanidade. Precisamos todos de saúde para viver em Cristo, compartilhar e progredir.
Mas nem todos usufruem desses benefícios. Embora o Brasil tenha um sistema que garante o direito à saúde aos seus cidadãos, sabemos que existe ainda um longo caminho para que o acesso digno ao serviço seja a realidade para todos.
Neste caminho, é importante reconhecer os esforços dos administradores hospitalares, que têm seu dia comemorado neste 14 de julho. Foram esses profissionais que desempenharam uma contribuição pioneira para o serviço de saúde que conhecemos hoje.
Lembro-me da história da Pró-Saúde, que nasceu justamente para realizar gestão hospitalar no país, pois, acreditava-se que os cuidados com os doentes também passavam pela profissionalização dos serviços. Ou seja, a Pró-Saúde é herdeira do carisma evangélico camiliano.
Hoje, essa entidade que completou 55 anos em junho, da qual tenho tanto orgulho, possui o maior grupo de administradores hospitalares do Brasil, a serviço dos doentes. São eles que se dedicam a promover as condições adequadas para todo o funcionamento do hospital e para o trabalho dos profissionais – médicos, equipe multiprofissional da assistência, manutenção, higienização, tecnologia, administrativo e de tantas outras áreas presentes em um ambiente hospitalar.
É, para nós, um contive a associarmos como fonte inspiradora dessa história, a vida e obra de São Camilo de Léllis, que nasceu em Buquiânico, Itália, em 25 de maio de 1550. Ao se arrepender de todos os seus pecados, quando tinha perdido tudo o que conquistara, ele voltou-se à caridade. Passou a servir os doentes e os mais pobres nos hospitais. A dedicação persistente de Camilo de Léllis atraiu voluntários de boa-fé e resultou, com autorização da Santa Sé, na criação da Ordem dos Ministros Enfermos, conhecidos posteriormente como camilianos. Foi assim que passou a ser reconhecido como patrono dos pobres e enfermos e dos hospitais. Após uma vida de doação ao serviço dos doentes, Camilo morre em 14 de julho de 1614. É canonizado em 1746 e, posteriormente, declarado padroeiro dos doentes, hospitais e profissionais da saúde.
Hoje celebrar São Camilo de Lellis é, antes de tudo, render graças e louvores ao Deus da vida pelo seu testemunho de irmão dos pobres e enfermos — o irmão da caridade que sabia ver Cristo no rosto dos doentes.
Louvemos São Camilo de Léllis. Saudemos a importância dos Administradores Hospitalares e o trabalho que realizam nos hospitais gerenciados pela Pró-Saúde e por todo o Brasil! Que o Santo siga sendo uma fonte inspiradora e um manto protetor no legado dos Administradores Hospitalares, em benefício do acolhimento e reabilitação dos doentes, especialmente dos mais necessitados.
Saudações em Cristo!