Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ) 

 

Irmãos e irmãs, celebramos no dia 4 de agosto a memória liturgia de São João Maria Vianney, padroeiro dos padres. No início, São João Maria Vianney era padroeiro somente dos párocos e padres diocesanos e agora ele é patrono de todos os padres, por feliz iniciativa do saudoso Papa Bento XVI. São João Maria Vianney foi um pároco admirável e com solicitude atendia todo o povo de Deus.  

Nesse dia dedicado a São João Maria Vianney, peçamos que todos os padres tenham a mesma solicitude pastoral que ele teve e atendam com alegria todo o povo de Deus. A igreja tem que estar sempre de portas abertas para acolher todos os fiéis. O padre, ainda, deve ter amor a Eucaristia e celebrar a missa todos os dias. A Eucaristia sustenta a vida do Padre e, consequentemente, sustenta a Igreja.  

São João Maria Vianney é conhecido como o Cura D’Ars, pois ele foi o pároco da pequena cidade de Ars que viu a ação de um homem de Deus na missão de evangelizar as pessoas. São João Maria Vianney fez um trabalho formidável naquela cidade e tira toda a população do mau caminho.  

Devemos rezar diariamente por todos os padres e por todas as vocações religiosas. Peçamos a intercessão de São João Maria Vianney para que todos os padres tenham o coração semelhante ao de Jesus e como bons pastores cuidem de suas ovelhas. Nesse dia dedicado a São João Maria Vianney, mais do que parabenizar o seu padre, reze uma Ave Maria por ele, para que ele tenha perseverança em seu ministério.  

Temos que ajudar o padre, rezar por ele, perguntar se ele está bem, se está precisando de ajuda, procure perguntar se ele precisa de ajuda. Que o Espírito Santo nos ajude a compreender e rezar por nossos padres e ajude aos padres a buscarem a santidade no dia a dia.  

São João Maria Vianney nasceu no ano de 1786, em Dardilly, na França. Seus pais chamavam-se Mateus e Maria. João Maria Vianney teve seis irmãos, sendo ele o quarto. Desde a infância, ele nutria no coração o desejo de ser padre. Vianney nasceu num período difícil, em meio à revolução francesa. Conta a história que sua primeira comunhão foi recebida dentro de um celeiro, durante uma missa clandestina.  

Ele enfrentou a resistência do pai para seguir na vida religiosa, mas com a ajuda do pároco, aos 20 anos, ingressou no seminário, em Écully. Vianney tinha muitas dificuldades, pois começou a estudar muito tarde, pois somente aos 17 anos é que foi alfabetizado e aprendeu a ler e falar o francês. Os professores e os superiores o consideravam um rude camponês que não conseguia acompanhar os estudos, principalmente, filosofia e teologia.  

Em 1815, Vianney foi ordenado sacerdote, porém, com um impeditivo, não poderia atender confissões, pois não foi considerado capaz de guiar consciências. Três anos depois, conseguiu a liberação para exercer o ministério plenamente. Vianney foi designado como pároco na pequena aldeia “pagã” de Ars, conhecida pela fama de seus cidadãos frequentarem cabarés, bailes, cheios de vícios e bebedeiras.  

São João Maria Vianney, com a graça de Deus, conseguiu reverter aquela triste realidade. Com o passar do tempo, a Igreja começou a ficar lotada e formava-se fila no confessionário. Alguns relatos contam que o padre chegava a ficar 16 horas dentro do confessionário e passava longos dias se alimentando apenas de batatas e ovo cozido. Essa era mesmo a sua grande missão: levar o perdão e a misericórdia divina para os fiéis. A fama de santidade de João Maria Vianney percorreu toda a Europa. Muitas pessoas iam até a paróquia de Ars para ouvir o padre e para confessar-se com ele. 

João Maria Vianney vivia aquilo que pregava, colocando em prática os seus próprios ensinamentos, por isso, a exemplo de Jesus, ele pregava como quem tem autoridade. Ele próprio jejuava e orava com o intuito de favorecer o perdão dos pecados de seus fiéis. “Vou dizer-lhe qual é a minha receita: dou aos pecadores uma pequena penitência e o resto faço eu no lugar deles” (São João Maria Vianney).  

A sua vida sacerdotal durou 40 anos, tendo morrido em 1859, aos 73 anos. João Maria Batista Vianney foi canonizado pelo Papa Pio XI, em 1925, mas já era venerado como santo. Foi proclamado padroeiro dos sacerdotes, além disso, no dia de sua festa, passou a ser celebrado o Dia do Padre. 

Nesta festa de São João Maria Vianney, quero resgatar as eloquentes palavras do Papa Bento XVI: “O Santo Cura ensinava os seus paroquianos sobretudo com o testemunho da vida. Pelo seu exemplo, os fiéis aprendiam a rezar, detendo-se de bom grado diante do sacrário para uma visita a Jesus Eucaristia. «Para rezar bem – explicava-lhes o Cura –, não há necessidade de falar muito. Sabe-se que Jesus está ali, no tabernáculo sagrado: abramos-Lhe o nosso coração, alegremo-nos pela sua presença sagrada. Esta é a melhor oração». E exortava: «Vinde à comunhão, meus irmãos, vinde a Jesus. Vinde viver d’Ele para poderdes viver com Ele». «É verdade que não sois dignos, mas tendes necessidade!». Esta educação dos fiéis para a presença eucarística e para a comunhão adquiria uma eficácia muito particular, quando o viam celebrar o Santo Sacrifício da Missa. Quem ao mesmo assistia afirmava que «não era possível encontrar uma figura que exprimisse melhor a adoração. (…) Contemplava a Hóstia amorosamente». Dizia ele: «Todas as boas obras reunidas não igualam o valor do sacrifício da Missa, porque aquelas são obra de homens, enquanto a Santa Missa é obra de Deus». Estava convencido de que todo o fervor da vida de um padre dependia da Missa: «A causa do relaxamento do sacerdote é porque não presta atenção à Missa! Meu Deus, como é de lamentar um padre que celebra [a Missa] como se fizesse uma coisa ordinária!». E, ao celebrar, tinha tomado o costume de oferecer sempre também o sacrifício da sua própria vida: «Como faz bem um padre oferecer-se em sacrifício a Deus todas as manhãs!».” (https://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/letters/2009/documents/hf_ben-xvi_let_20090616_anno-sacerdotale.html), último acesso em 28 de julho de 2023. 

Precisamos de sacerdotes que sejam testemunhas credíveis do Evangelho pelo eloquente e edificante testemunho de uma vida cristã santa e correta que santifique os seus fiéis pelo frescor da santidade evangélica. 

Rezemos por todos os padres, párocos, vigários, cooperadores, professores, reitores de Seminário, formadores e, sobretudo, pelos padres privados do exercício de seu ministério sacerdotal. A cada um deles, Deus dê a consolação e a força para testemunharem seu estado de vida! 

Celebremos com alegria a memória litúrgica de São João Maria Vianney, e peçamos a intercessão dele por todos os sacerdotes, para que perseverem em sua vocação e sirvam com alegria e entusiasmo o povo de Deus.  

 

 

 

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