Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Quando se medita sobre a pessoa emblemática de São José, percebemos que na sua missão de Protetor, Custódio e Pai nutrício de Jesus, teve que enfrentar e superar várias crises que ameaçavam o Menino confiado a ele. Ele, sereno, manso e humilde, nos inspira nesta hora a respeitar as leis, normativas estabelecidas para o bem comum e religioso, como na ocasião da Apresentação no Templo. Soube, sem demora, providenciar a saída urgente para o Egito atravessando o temível deserto.
E, com sabedoria e experiência, percebeu a hora e o caminho da volta para Nazaré. Mas, em todos os momentos, esteve presente, vigilante, mesmo dormindo calçado com botas de prontidão para a viagem. A pandemia do coronavírus exige de nós um comportamento semelhante, pois como afirmou bem o secretário do Papa Francisco, o Pe. Yoannis Lahzi Gadi: “As pessoas abandonarão a Igreja se elas forem abandonadas durante a epidemia”.
Não se trata de apelar para gestos milagreiros ou de marketing espiritual, mas de vivenciar e testemunhar uma Paternidade espiritual, próxima, criativa, luminosa, como se referiu o Papa aos sacerdotes da Lombardia, que de mil maneiras se comunicaram com seu povo. Todo este mutirão médico-sanitário é substancial e indispensável para vencer o vírus, mas não pode ser esquecida a vida interior, espiritual e mística que é alimentada pela graça e que faz a grande e decisiva diferença.
O ser humano não é apenas um corpo, mas um espírito encarnado, como falavam Mounnier e o Pe. Teilhard de Chardin, uma pessoa integral que mesmo para superar um vírus precisa da força maior da união com o absoluto. Alguns mencionam três ecologias que são relevantes para a saúde e o sistema imunológico: a ecologia ambiental (com a Terra e as demais criaturas), a ecologia social (com os irmãos), a ecologia humana (a unidade e harmonia pessoal), mas o fio integrador e unitivo é constituído pela ecologia espiritual e agápica com Deus.
Nestes momentos, olvidar a Aliança terapêutica Deus, médico (trabalhadores e agentes da saúde) e pacientes, é, não só ficar incompletos, mas perder eficácia na cura e libertação do vírus. Que São José, Pai amoroso, cuidador e compassivo, nos ilumine, fortaleça e guarde nesta hora de serviço generoso e heróico aos irmãos doentes e sofredores. Deus seja louvado!