Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
No dia 19 de março celebramos a festa de São José, esposo da Virgem Maria, também venerado como Padroeiro da Igreja universal. Embora sua figura, mesmo sendo bastante escondida, tem um protagonismo muito importante na história da salvação, afinal, ele pertencendo à tribo de Judá, ligou Jesus à descendência davídica; tornando-se Jesus, verdadeiramente “filho de Davi”, sendo desse modo o pai davídico a quem Deus confiou o Seu Unigênito.
No decurso do tempo, vários títulos foram dados a São José, para indicar essa paternidade em relação a Jesus Cristo: pai adotivo, pai putativo (aparente), mas hoje cada vez mais se firma o título de pai davídico, pois de fato, a descendência davídica de Jesus vem por meio do glorioso São José.
A garantia da paternidade de São José a Cristo é devido ao fundamento jurídico do matrimônio que ele celebrou com a Virgem Santíssima. Ocasião em que este homem justo e humilde, através da obediência da fé, confiou sem medidas em Deus: “No decorrer da sua vida, que foi uma peregrinação na fé, José, como Maria, permaneceu fiel até ao fim ao chamamento de Deus” (cf. Redemptoris Custos, João Paulo II PP; http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/apost_exhortations/documents/hf_jp-ii_exh_15081989_redemptoris-custos.html, último acesso 08 de março de 2020).
São José torna-se para nós o exemplo da obediência, “abraça a sua tarefa, o seu papel, e acompanha o crescimento do Filho de Deus, em silêncio, sem julgar, sem falar mal, sem fofocar” (Francisco PP; cf. https://www.vaticannews.va/pt/papa-francisco/ missa-santa-marta/2018-12/papa-francisco-missa-santa-marta-sao-jose.html, último acesso 08 de março de 2020). Modelo de fidelidade, simplicidade e humildade aos
desígnios que a Providência destinou a cumprir, dedicando-se, sem medidas, para que o Menino Deus cumprisse a sua missão aqui na Terra.
O Papa Leão XIII, no final do século XIX, exortava o mundo católico para obter a proteção a São José, Patrono da Igreja universal, afinal devido ao vínculo de caridade que o uniu a Maria Santíssima e a proteção e guarda ao Cristo, a confiança da Igreja a este homem: “Assim como cuidou com amor de Maria e se dedicou com empenho à educação de Jesus Cristo, assim também guarda e protege o seu Corpo Místico, a Igreja” (Redemptoris Custos, João Paulo II PP; http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/apost_exhortations/documents/hf_jp-ii_exh_15081989_redemptoris-custos.html, último acesso 08 de março de 2020).
O Papa Francisco é um grande devoto de São José: “Amo muito São José, porque é um homem forte e silencioso. Na minha escrivaninha, tenho uma imagem de São José que dorme e, quando tenho um problema, uma dificuldade, escrevo um bilhetinho e coloco-o debaixo de São José, para que o sonhe. Este gesto significa: reza por este problema! (Encontro com as famílias em Manila – 16 de janeiro de 2015). Essa devoção do Papa Francisco se faz também evidente na liturgia da Santa Missa, quando em determinou que em algumas orações eucarística, após o nome da Virgem Maria, fosse colocado também o de São José, seu esposo.
São José é o esposo sublime. Por isso, em mais de 26 anos de pontificado João Paulo II falou de São José em infinitas ocasiões e, sempre disse que rezava intensamente pelo santo todos os dias. Essa devoção se resume no documento que lhe dedica em 15 de agost o de 198 9, com a publicação da Exortação Apostólica Redemptoris Custos, escrita 100 anos depois da Quamquam Pluries de Leão XIII. No documento o Papa Wojtyla aprofunda a vida de José em vários aspectos principalmente o do matrimônio cristão no qual oferece uma profunda leitura da relações entre
os dois esposos de Nazaré: “A dificuldade de se aproximar ao mistério sublime da sua comunhão esponsal levou todos, desde o século II, a atribuir a José uma idade avançada e a considerá-lo guardião, mais do que esposo de Maria. É o caso de supor, ao inv&e acute;s, que na época ele não fosse um homem idoso, mas que a sua perfeição interior, fruto da graça, o levasse a viver com afeto virginal a relação esponsal com Maria” (Audiência Geral de 1996).
Assim, a este santo, exemplo de obediência, espera e amor, possa interceder a Deus por nós, confiando inteiramente nos projetos que o Altíssimo designou para nós. “São José, valei-nos!”, ou com a canção popular que ressoa nos ouvidos de nosso coração: “São José, a vós o nosso amor, sede nosso bom protetor, aumentai o nosso fervor!”
Saudações em Cristo! São José, valei-nos!