Quem é São Paulo, “o Apóstolo das Nações”?
Por sua vida movimentada, sua ação missionária arrojada e seus escritos magníficos, S. Paulo marcou fortemente a história, a doutrina e a vida de nossa Igreja.
Saulo nasceu em Tarso, no sudoeste da atual Turquia. Esta cidade sita na encruzilhada de vias comerciais importantes, era a sede de uma escola de filosofia. Foi criado na fé judaica, formado na cultura grega e era orgulhoso de sua cidadania romana. A vida toda caminhará entre dois mundos e fará a ligação entre eles: o mundo judeu e o mundo greco-romano.
Uma experiência espiritual extraordinária
No caminho de Damasco, Saulo teve uma experiência espiritual extraordinária: uma visão fulgurante do Ressuscitado o tornou cego. Um discípulo de Cristo, em Damasco, Ananias, recebeu numa visão a ordem de acolher Saulo, escolhido para ser apóstolo dos pagãos e dos judeus. Curado de sua cegueira pela imposição das mãos de Ananias, este logo o batizou. A mensagem recebida por Ananias nesta visão define e confirma a missão que Paulo cumprirá.
Dez anos de preparação
Durante uma dezena de anos sobre os quais não temos detalhes, Paulo irá amadurecendo o encontro de Damasco, que transtornou completamente a sua vida. Ele se isolou; viajou à Arábia, a Jerusalém e a Antioquia; encontrou o apóstolo Pedro, que lhe comunicou sua experiência pascal, e o responsável da comunidade judeo-cristã de Jerusalém, o Apóstolo Tiago. Seu relacionamento com aqueles cristãos que se consideravam sempre judeus, não foram nada fáceis.
O missionário itinerante
Paulo inicia então uma série de três grandes viagens missionárias, durante uma dúzia de anos. Essas viagens são relatadas por Lucas nos Atos dos Apóstolos. As sete cartas do Apóstolo geralmente consideradas como autenticamente escritas (ou melhor ditadas) por Paulo são: aos Tessalonicenses, Filipenses, Gálatas, 1ª e 2ª aos Coríntios, aos Romanos, a Filêmon… As outras cartas foram escritas por discípulos de Paulo.
Sua primeira viagem não o levou muito longe de sua cidade natal: na ilha de Chipre e no sul da Turquia atual. Antes de empreender sua segunda viagem, partiu para Jerusálem a fim de resolver o grave conflito das imposições feitas aos pagãos convertidos: circuncisão e proibições alimentares… A segunda viagem o fez passar por Tarso antes de atravessar toda a Turquia; desembarcou na Grécia, permaneceu um ano e meio em Corinto, cidade cosmopolita, meio grega meio romana, e regressou, passando por Éfeso. A terceira viagem começou por uma última estada em Tarso; prosseguiu por uma parada de dois anos em Éfeso, onde escreveu seis de suas sete cartas; fez uma última visita à Grécia até Corinto e efetuou sua última visita a Jerusalém onde, perseguido pelos judeus, foi detido e aprisionado na cidade portuária de Cesaréia. Mas sendo cidadão romano, pediu para ser julgado em Roma e fez uma viagem muito perigosa com tempestades e naufrágios antes de chegar a Malta. Viveu em Roma num semi-cativeiro. Projetava partir em missão para a Espanha, mas logo foi julgado, condenado à morte; é executado como um cidadão romano, decapitado.
Milhares e milhares de quilômetros para anunciar o Evangelho!
Paulo é um grande viajante, como muitos missionários ao longo da história da Igreja. Percorreu a pé vastas extensões do planalto central da Turquia, de relevo atormentado. Enfrentou condições climáticas fortemente contrastadas: quentura e umidade na Costa Mediterrânea, calor tórrido ou temperaturas gélidas no interior das terras. Os Romanos abriram em seu Império uma notável rede de estradas que Paulo utilizou. Mas teve que enfrentar numerosos perigos: ladrões, donos de pousadas sem escrúpulos, feras… Passou fome, sede, frio, abandono, sofrimentos… Para as longas travessias, usou os barcos que navegavam da primavera até o outono. Sua viagem marítima mais dura foi a última: aquela que o levou a Roma. Assim Paulo terá percorrido milhares e milhares de quilômetros para anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, fundar comunidades novas, animar as comunidades existentes, resolver os numerosos conflitos que o assaltam.
As maiores provações
As provações não lhe faltaram. As mais duras provinham das pessoas. Por todos os lados foi atacado. Os judeus, que recusavam reconhecer Jesus como Messias, ficavam furiosos de vê-lo pregar o Evangelho nas sinagogas e até na cidade de Jerusalém: eles o pressionavam por todo lado onde passava. Faziam-no deter, encarcerar, ser batido a pauladas, flagelado, lapidado várias vezes… Os cristãos, judeus convertidos, reclamavam por ele não ter primeiro “judaizado” os pagãos que aderiam à fé (impondo-lhes circuncisão, prescrições alimentares…) e destruíam por detrás , todo o trabalho missionário realizado por Paulo. Cristãos convertidos de língua grega desconfiavam de seu antigo perseguidor. Cristãos pagãos convertidos julgavam o ensino de Paulo demasiado difícil a seguir e eram tentados de voltar a seus costumes pagãos… Mas o sofrimento mais profundo, que lhe partia o coração, vinha de seus irmãos judeus, convertidos ou não ao Evangelho.
Paulo, modelo do missionário
Eis Paulo, o grande missionário, exemplo para todos os missionários do mundo e para cada cristão. Apesar de todos os empecilhos e provações, nunca desistiu de ir ao encontro de seus irmãos judeus, prisioneiros da Lei; nem aos pagãos a quem queria abrir as portas da Igreja…
Considerava que todos eram chamados pelo Senhor Jesus para serem justificados, reconciliados e salvos. E para poder proclamar, como ele, seja na própria terra, seja em qualquer canto do mundo: “ Para mim viver é Cristo e morrer é um lucro!”