Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
Queridos irmãos e irmãs em Cristo,
Neste domingo em que celebramos o 30º Domingo do Tempo Comum, somos convidados a meditar sobre a virtude da humildade e o valor da justiça em nossas vidas, tendo em vista as palavras de Jesus e as Escrituras.
No Evangelho deste dia, conforme Lucas (18,9-14), encontramos a conhecida parábola do fariseu e do publicano. Nesta história, Jesus nos apresenta dois homens que foram ao templo para orar. O fariseu, que vivia estritamente de acordo com a Lei, levanta-se diante de Deus e ora, elogiando a si mesmo por suas boas ações. Ele afirma: “Senhor, graça te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como esse publicano.” O fariseu, envolto em seu próprio orgulho, acredita que suas obras justificam sua posição diante de Deus.
Por outro lado, o publicano, que era um cobrador de impostos considerado um pecador pela sociedade, não ousa olhar para o céu, mas, em humildade, bate no peito e implora pela misericórdia de Deus, dizendo: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!” O publicano reconhece sua própria fragilidade e sua necessidade do perdão divino.
Jesus conclui a parábola afirmando que foi o publicano, e não o fariseu, que voltou justificado para casa. Ele nos ensina que aqueles que se exaltam serão humilhados, enquanto os que se humilham serão exaltados.
Essa parábola nos recorda da importância da humildade diante de Deus em nossas vidas espirituais. Não podemos confiar unicamente em nossas obras para justificação, como é sabiamente dito em Provérbios (16,18): “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda.” Todos nós temos nossas imperfeições, e todos dependemos da misericórdia e do perdão divino.
Além disso, a leitura do Livro de Isaías (58,6-11) destaca a relação entre justiça, compaixão e oração. O profeta Isaías nos lembra que Deus valoriza não apenas rituais de adoração, mas também a prática da Justiça e a busca por equidade. Quando agimos com compaixão e justiça em nossas vidas, nos tornamos instrumentos do amor divino.
Portanto, neste Trigésimo Domingo do Tempo Comum, somos chamados a refletir sobre nossa própria humildade e justiça. Devemos reconhecer nossas fraquezas e pecados, seguindo o exemplo do publicano na parábola, e buscando a misericórdia de Deus em nossas orações. Simultaneamente, devemos lembrar a importância de agir com justiça e compaixão em nossas relações com os outros, conforme nos lembra o profeta Isaías.
Por meio de nossos atos de caridade, defesa da Justiça e da humildade em reconhecer nossas próprias fragilidades, encontramos a graça de Deus. Que neste domingo e em todos os dias, possamos seguir o exemplo do publicano, reconhecendo nossa necessidade da misericórdia divina e nos esforçando para viver de acordo com a vontade de Deus.
Que Deus abençoe a todos nós e nos ajude a crescer em humildade, justiça e amor. Amém.
