Semana da família e dia dos pais

No segundo domingo do mês de agosto, tradicionalmente no Brasil, comemora-se o Dia dos Pais. Embora existam registros de cumprimentos ao pai desde a antiga Babilônia, modernamente esse evento difundiu-se no início do século XX vindo dos Estados Unidos. Cada nação escolheu um dia para essa homenagem. No Brasil, a proximidade da festa de São Joaquim, celebrada no dia 14 de agosto no antigo calendário pré-conciliar, fez com que se marcasse a data para o segundo domingo desse mês.

Embora atualmente os apelos comerciais sejam o que mais marquem esse evento, para nós é uma oportunidade de refletir sobre a paternidade e a família. Com esta celebração sugestiva da importância do papel do pai na Igreja e na sociedade, a Igreja no Brasil estabeleceu celebrar a Semana Nacional da Família. E a Igreja quer, durante estes dias, refletir e insistir sobre este tema de importância capital. A Igreja tem um carinho e uma atenção especial sobre as relações familiares, e neste ano o tema central: “Família, Formadora de valores humanos e Cristãos”, está em sintonia com o Encontro Mundial das Famílias realizado no México em 2009. Para esse evento, a Comissão Episcopal para a Vida e Família, onde está sediada a Comissão Nacional da Pastoral Familiar, da CNBB, publicou uma nova edição da “Hora da Família”, com roteiros a serem usados nas celebrações nas paróquias, capelas, comunidades, famílias, grupos e escolas.

Agora é o momento em que as diversas pastorais e movimentos ligados ao trabalho com as famílias se unem e trabalham para que os valores familiares apareçam cada vez mais nas paróquias e na sociedade. É o momento de repassar aquilo que vivem e aprofundam no dia a dia de sua participação na caminhada eclesial.

Com a Semana Nacional, a Igreja quer, uma vez mais, salientar a importância da família, pois ela sabe que é fundamental um olhar atento dirigido à família, patrimônio da humanidade que deve ser considerada “um dos eixos transversais de toda a ação evangelizadora” (Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, 2008-2010, n. 128). Na verdade, tudo passa pela família. Para o ser humano tudo começa na família. A família é a primeira escola das virtudes sociais de que as sociedades têm necessidade. A família devidamente estruturada participa decisivamente no desenvolvimento da sociedade. A sociedade familiar querida por Deus é o lugar privilegiado para forjar no coração do homem e da mulher os valores perenes, sejam eles espirituais ou civis. A vida e a história demonstram que é na família cristã, de pai e mãe com os seus filhos, que também se inicia a educação para o valor da vida, de cada vida humana, onde se aprende o valor da liberdade consciente para o sentido da dor e da morte, forma-se a consciência para o repúdio à mentalidade e permissividade abortista, às pesquisas com embriões humanos, à eutanásia, e para o desenvolvimento da solidariedade e respeito aos idosos.

A família é chamada a construir o Reino de Deus e a participar ativamente na vida e na missão da Igreja. Os seus membros, formados pela Palavra de Deus, e com a ajuda da Sua Graça, são chamados a irradiar o espírito do Evangelho, tornando-se assim uma pequena porção viva da Igreja.

Mesmo no ambiente hostil em que hoje vive a família, e num clima de mudanças rápidas e constantes, os pais não podem abrir mão de uma boa educação para seus filhos, com confiança e com coragem, na perspectivas dos valores fundamentais da vida humana, situações que muitas vezes, devido a interferências de leis, tendem a modificar perigosamente.

Hoje, infelizmente, nas famílias perde-se o hábito da oração. No entanto a oração familiar é possível e necessária. O primeiro passo é que o casal aprenda a rezar juntos, e isso passará para os filhos. Nada substitui o exemplo e a experiência. As crianças aprendem a rezar quando começam a rezar com seus pais.  Na família deve-se cultivar a presença de Deus no lar, aprendendo desde cedo a linguagem religiosa. A oração é gravada na mente da criança como uma coisa boa, que vai fazer parte da sua vida.

Quero saudar todos os pais de nossa Arquidiocese e convidá-los a redescobrir a beleza de sua família pelo empenho comunitário e evangelizador em nossas comunidades. Portanto, reportamo-nos à Sagrada Família de Nazaré, e que ela nos ensine e nos inspire o exemplo da família como expressão de comunhão e de amor, de caráter sagrado e inviolável.

Dom Orani João Tempesta

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