Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo
No mês de agosto, a Igreja Católica propõe aos seus fiéis o tema da vocação. O assunto pode ser abordado sob diversos pontos de vista. A vocação se identifica com a própria realidade da pessoa: a constitui e a define. Podemos dizer que é o resultado de chamado e de resposta. Os carismas, os dons, as vocações ocorrem para a utilidade comum dos homens que vivem na terra.
Para o pensamento cristão está claro que quem chama é Deus. Só Ele pode entrar na vida do homem com sua voz imperiosa; só Ele pode propor a alguém um destino que toca toda sua vida. As formas de chamado são múltiplas e, normalmente, não tem anda de extraordinário. Entre os caminhos que despertam as opções vocacionais destacamos: a) A voz do sangue, isto é, a tendência instintiva, o desejo íntimo e profundo que impele para um modo de ser e estar; b) O ambiente em que a pessoa vive; c) o momento histórico e suas necessidades.
A primeira semana do mês é dedicada a vocação ao sacerdócio, ao ser padre. Se formos ouvir a história pessoal de cada padre, a maioria, certamente vai relatar que o despertar, o discernimento e finalmente a opção realizada foi conforme os passos acima apontados. Minha história vocacional enquadra-se aí.
A escolha vocacional não se situa entre uma mais fácil e outra mais difícil. Talvez o foco deva ser colocado mais entre vocação falsa e vocação autêntica. Desafios são comuns em todas as opções, por isso as mais autênticas são aquelas escolhas feitas e mantidas em meio a desafios. Toda opção vocacional exige renúncias. Escolher é descartar outras possibilidades. As renúncias são mais numerosas que as escolhas. Uma opção é positiva quando a escolha do caminho foi feita livremente. Neste ambiente situa-se o discernimento vocacional de um padre. A escolha livre o conduziu a um modo de viver, ao exercício de determinadas atividades. Na escolha renunciou a outras possibilidades.
O padre é alguém que segue os passos do mestre Jesus Cristo. Respondeu ao convite “vem e segue-me”. Seguir Jesus Cristo pressupõe a fé e a comunhão com o seu projeto, denominado de Reino de Deus. O seguimento gera responsabilidades para o padre que são sintetizadas em três grandes áreas. A primeira e a fundamental é anunciar o Evangelho, despertando a fé e o seguimento de Jesus Cristo e a formação da Igreja. A segunda é santificar o Povo de Deus. O padre é um homem ligado ao sagrado. Munido pelo poder recebido no sacramento da Ordem, ele torna-se ministro e servidor das coisas que se referem a Deus para o bem das pessoas. E a terceira missão do padre é conduzir e orientar a comunidade eclesial. Agregar as pessoas, fortalecendo-as e animando-as na vivência cristã. A realização vocacional do padre ocorre na abertura para os outros, no exercício daquilo que lhe é próprio.
Ser padre é uma construção cotidiana que é feita na intimidade com Deus, na comunhão com a Igreja e no exercício ministerial. O padre passa a vida inteira, cotidianamente, respondendo ao chamado e reafirmando a escolha radical feita num momento de sua vida.