Sim, defendamos a vida!

A CF 2009 é, sobretudo, um chamado a unir esforços para a superação de toda violência contra o ser humano; e são tantas as formas de violência e agressão contra a dignidade

e os direitos da pessoa! De maneira muito especial, a CF chama à mobilização para prevenir e superar a violência contra a vida humana que, de maneira sintomática, está aparecendo a cada dia nas notícias da imprensa. Será porque a CF está sensibilizando mais para os fatos de violência, ou será porque estes aumentaram, de maneira preocupante?

Certamente nenhum tipo de violência contra a pessoa é aprovável, nem contra sua dignidade e nem contra seus legítimos direitos; e a violência também não é aceitável como um meio legitimo e eticamente aceitável para resolver problemas, nem mesmo para conseguir objetivos bons. Os fins não justificam os meios. Se é assim, tanto mais devemos rejeitar a violência que atenta diretamente contra a vida do próximo: é a violência mais grave de todas e deve fazer a consciência confrontar-se diretamente com o 5º mandamento da Lei de Deus: “Não matarás”. Quem tira a vida do próximo deverá responder, não simplesmente diante de tribunais humanos, mas diante do próprio Deus. “A voz do sangue do teu irmão chegou aos meus ouvidos” (cf Gn 4,10).

Uma ação concreta de defesa da vida será realizada na Praça da Sé, no próximo dia 28 de março, pela manhã: será uma grande manifestação em favor da vida e contra o aborto, por iniciativa de várias organizações e grupos que lutam em defesa da vida humana e se opõem à legalização do aborto. O ato tem todo o apoio da Igreja católica; quero, portanto, encorajar todas as organizações familiares, as pastorais da família, da criança e do menor, junto com todos aqueles que têm a possibilidade de irem à praça da Sé para participarem da manifestação. É uma oportunidade para dizer um forte e claro “sim” à vida humana e um decidido “não” a tudo o que atenta contra ela.

Não nos deixemos impressionar por discursos enganosos. Não dá para justificar o aborto a partir da Bíblia, sem forçar interpretação da Escritura. E a decisão sobre a vida e a morte de seres humanos não pode ser deixada à iniciativa e decisão privada, nem deve depender da lógica da vantagem ou da comodidade individual. É dever do Estado proteger as pessoas e garantir a defesa e o respeito à sua vida. Não se pode privatizar esta responsabilidade! Da parte do Estado seria uma atitude cínica descarregar na conta da mulher, ou de outra pessoa, uma responsabilidade tão grande! E seria muito arriscado, pois quem levaria sempre a pior seriam os doentes, indefesos e incapazes de resistir à vontade dos mais fortes.

Por outro lado, não nos assustemos, se alguém discorda ou até trata com preconceito a posição católica contrária ao aborto. Deveríamos ficar até honrados quando identificam a posição católica como contrária ao aborto. Oxalá todas as pessoas que tem fé em Deus também defendessem de maneira firme a dignidade e a vida do ser humano em todas as circunstâncias e em cada uma de suas etapas. Mesmo assim, é inaceitável que isso seja um dever apenas de pessoas religiosas. Acaso podem matar outros seres humanos aqueles que não crêem em Deus ou não praticam nenhuma religião? O respeito à vida é um preceito ético que obriga a todos.

E também não nos deixemos impressionar nem enganar por discursos que reivindicam a autonomia na decisão sobre a vida de outros, ou até mesmo um suposto “direito humano” ao aborto. Tendo em vista que o aborto implica sempre na morte de um ser humano inocente e indefeso, é absurda a reivindicação de semelhante “direito”. A manifestação na praça da Sé, na manhã do dia 28 de março, será uma ação concreta da CF-2009, contra toda forma de violência e agressão contra a vida, principalmente o aborto provocado. É necessário que nos manifestemos e expressemos com clareza e firmeza nossa convicção.

Os adultos, homens e mulheres devem ser acolhedores e protetores da vida indefesa e frágil. A própria natureza das coisas impõe isso. As mulheres, de maneira especial, pelo dom da maternidade, são geradoras e acolhedoras da vida e, por isso, naturalmente, são as primeiras defensoras da vida humana contra tudo o que a possa ferir ou suprimir. Enquanto a mulher assume este papel, que é próprio de sua natureza, o respeito à vida humana será assegurado.

Artigo publicado em O SÃO PAULO, ed, de 24.03.2009

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