Existem alguns sinais no Documento de Aparecida, e que aos poucos foram sendo encadeados, que marcam um pouco aquela conversão pastoral que o texto sugere. Fala-se com coragem e ânimo que esta atitude deve impregnar todos na Igreja e que deve ajudar a superar estruturas ultrapassadas! Isso implica em escutar o que o Espírito Santo está dizendo e exige que as nossas comunidades sejam construídas de discípulos-missionários ao redor de Cristo, manifestando a unidade. Tudo feito com amor, devendo olhar as primeiras comunidades que souberam buscar novas formas. Isso exige que passemos de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária, mostrando a Igreja como uma casa acolhedora de quem vai ao encontro, proporcionando que o anúncio de Cristo chegue às pessoas modelando a comunidade e transformando a sociedade, principalmente pela setorização da paróquia para uma maior proximidade da sociedade, levando em conta o Ensino Social. Tudo isso não como estratégia para procurar êxitos pastorais, mas como prova da fidelidade na imitação do Mestre, sempre próximo, acessível, disponível a todos, desejoso de comunicar vida em cada região da terra.
Esses sinais que a conversão pastoral exige não é apenas para a Paróquia, mas para todas as instituições da Igreja, lembra o documento! Esse vigor novo e a alegria de ser cristão, que me leva a anunciar o Reino, deve contagiar todos os cristãos católicos neste tempo de transformações culturais profundas. Não temos medo da grande cidade, pois, na verdade, na aurora da Igreja foi ela que proporcionou a difusão do cristianismo pelo mundo inteiro. O que é necessário é justamente essa coragem de deixar a facilidade de “pescar dentro do nosso aquário particular” e partir para o mar a dentro, com todos os desafios que a novidade vem trazer. É difícil e supõe um sair do comodismo ou pelo menos daquilo que já é certo e constatado para começar a trilhar novos caminhos que nos façam ainda mais fiéis ao Mestre Jesus.
Para que o nosso trabalho seja firme e corajoso, o mesmo Documento de Aparecida nos fala que teremos que reforçar a nossa experiência religiosa, oferecendo ao povo um encontro pessoal com Jesus Cristo profundo e intenso em que, partindo do anúncio querigmático, leve as pessoas à conversão pessoal e a uma mudança radical. Também é necessário proporcionar uma vivência comunitária onde sejamos acolhidos fraternalmente e que tenhamos uma sólida formação bíblico-doutrinal que, junto com a experiência religiosa e destacada convivência comunitária, nos leve ao compromisso missionário, indo ao encontro dos que se afastaram, manifestando o nosso intere pela sua situação.
Esse sopro do Espírito Santo que transparece no Documento de Aparecida, além de resumir toda a experiência passada e anunciada nos documentos anteriores do magistério da América Latina e Caribe, volta o seu olhar para o futuro, vendo com clareza os desafios que ora ocorrem. Daí vem a necessidade de a Igreja ser casa-escola de comunhão, onde todos se sintam chamados para que, como sal da terra e luz do mundo, possa levá-los nesse caminhar.
Essa conversão pastoral que nos faz alegres no Senhor e anunciadores de uma boa notícia e formando nossas comunidades acolhedoras supõe todo um trabalho de mudança de paradigmas, eixos não só paroquiais mas de todos os trabalhos na Igreja.
Logo depois de ver a realidade, o Documento de Aparecida nos recorda da alegria em ser discípulos-missionários para anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, e daí passa a falar do anúncio da Boa Nova para todas as realidades para depois refletir sobre a vocação à santidade.
Esses passos corajosos que estamos dando na correspondência à missão continental, que para nós é o Projeto Belém em missão, supõe o nosso encontro pessoal com Cristo e a nossa maneira nova de evangelizar, testemunhando alegria e comunhão.
Que o Senhor ilumine com o Seu Espírito a nossa vida e nossa mente para termos coragem de responder novamente, nestes mudados tempos, o anúncio alegre e feliz da salvação que veio para todos: que tenhamos vida, e vida plenamente!