Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
Com origem na palavra sínodo, temos a sinodalidade. É um termo muito usado pelo Papa Francisco na condução da Igreja, para motivar o espírito de unidade do povo cristão. O desejo fundamental é de evidenciar a necessidade de todos caminharem juntos, com objetivos comuns na construção do Reino de Deus. E neste mês de outubro, está acontecendo o Sínodo, sobre sinodalidade, em Roma.
É interessante compreender que o Papa toca na essência do ensinamento de Jesus, revelada no capítulo 17 do Evangelho de João. Não é saudável uma Igreja sem unidade, mesmo tendo que enfrentar uma cultura da diversidade destoante. Entendemos o dinamismo que vem do Espírito Santo, mas não conseguimos compreender bem as atitudes daqueles que investem numa literatura de desunião.
Um Sínodo, com uma ampla representação das lideranças da Igreja, não é uma reunião qualquer, mas momento de escuta atenta do Espírito Santo, que inspira e conduz a Igreja para ser capaz de discernir a complexa forma de seu agir evangelizador no mundo. É espaço de reflexão para saber o que é de Deus e o que é do mundo, criado por Deus e governado pelos seres humanos.
O Papa Francisco, sob a luz da fé, tem muita sensibilidade em relação aos grandes, urgentes e preocupantes problemas do mundo. Ancorado nessa realidade, fala de não fechar portas, de ser evitado o legalismo, o clericalismo e o tradicionalismo. Para ele, o mais importante é construir pontes seguras, que ajudem a pessoa a ser feliz na própria trajetória humana e espiritual de vida.
Uma ala da Igreja se sente incomodada em relação à forma como o Papa tem tratado questões emergentes da cultura moderna. Não podemos descartar, que estamos em tempo de grandes desafios, de diversidade e ampla liberdade de manifestações. Por isto mesmo, é fundamental saber escutar a voz do Espírito de Deus e ter mente aberta para encontrar caminhos seguros hodiernos.
Na cena bíblica do “devolvei, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus” (Mt 22,21), podemos sentir a maldade ideológica dos opositores de Jesus, querendo colocá-lo à prova. Isto vem acontecendo, de forma incisiva e desonesta, com a pessoa do Papa Francisco, inclusive com o requinte até de considerá-lo como “papa falso”, jogando por terra a tradição e a ação do Espírito Santo.