Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta (RS)

 

            “Sínodo” é uma palavra antiga na tradição da Igreja. Indica o caminho feito com o Povo de Deus, “com” e o “caminho”. Desde os primeiros séculos, são designadas com a palavra “sínodo” as assembleias eclesiais convocadas em vários níveis para discernir, à luz da Palavra de Deus, questões doutrinais, litúrgicas, canônicas e pastorais. O termo “sinodalidade”, por sua vez, indica o específico modo de viver a Igreja Povo de Deus, que manifesta e realiza concretamente o seu ser comunhão no caminhar juntos. No próximo dia 17 de outubro, o Papa dará início a um caminho sinodal em três fases: diocesana, continental e universal. Este processo, feito de consultas e discernimento, terá seu ponto maior em Roma, em outubro de 2023. Portanto, teremos, nós também algumas questões a responder. Já fizemos isto noutras vezes, sobretudo com o sínodo dos jovens, mas nunca neste nível. Nosso Papa Francisco já nos disse que “o caminho da sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio (Papa Francisco, 17 de outubro de 2015)”. E o tema da reflexão que é encaminhada em toda a Igreja é: “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”.

            A questão é o valor central de um processo. Sem dúvidas, o caminho sem a participação de toda a Igreja diocesana é muito mais fácil. Contudo, o caminho com todos participando é muito mais rico. Vimos com muita alegria este caminho proposto pelo Papa. Recordemos que o nosso Papa Francisco sempre fala de um caminho onde haja a participação de muitas pessoas e, nem sempre, o resultado será conforme a vontade de cada um. Olhemos o que nos diz o Papa, na primeira e global encíclica Evangelli Gaudium (A alegria do evangelho): o tempo é superior ao espaço; a unidade prevalece sobre o conflito; a realidade é mais importante do que a ideia e o todo é superior à parte. O Papa está, decididamente, com o desejo de ver as pessoas dizendo suas palavras, vivendo o que lhes é importante.

            O processo sinodal será integral à medida que as pessoas viverem seu processo sinodal local. Não será possível viver a sinodalidade, sem uma participação geral. Somente seremos nós mesmos, se tivermos feito este caminho: o caminho sinodal. Não haverá nenhuma diocese ou congregação que possa estar ausente deste caminho. Com isto teremos uma visão de todo o povo de Deus e dos batizados. Mas, não de menos, serão consultados todos os organismos intermediários, como as diferentes instituições do povo de Deus.

            O caminho sinodal será, depois, deixado para um momento de discernimento dos bispos diocesanos, para que possam escutar o que o Espírito suscitou nas Igrejas locais a eles confiadas. Eles serão os responsáveis para fazer uma síntese do que lhes foi conferido. Isto, até abril de 2022. Depois disso, a secretaria geral do Sínodo, elaborará um primeiro Instrumentum laboris (Instrumento de trabalho), que servirá para os participantes da assembleia do Vaticano e que será publicado em setembro de 2022. Este será também enviado a todos nós. Como um caminho “continental”, programado até março de 2023, será elaborado um segundo Instrumentum laboris, para um ato ulterior de discernimento à luz das particularidades de cada local. Este grande percurso, grande e longo, é motivo de muita alegria. Vamos participar!

 

Tags:

leia também