A Solenidade da Epifania do Senhor, celebrada no ciclo litúrgico A, é uma das festas mais antigas da tradição cristã, que remonta aos primeiros séculos da Igreja. Seu nome deriva do grego “epiphaneia”, que significa “manifestação” ou “aparição”. A mensagem central desta solenidade é a revelação universal de Jesus Cristo como Salvador de toda a humanidade. A Salvação que Jesus vem trazer não se limita ao povo de Israel, mas estende-se a todos os povos, representados pelos Magos do Oriente que vêm adorar o Menino Jesus. Essa festa nos convida a reconhecer que a luz de Cristo ilumina o mundo inteiro, convidando-nos a uma fé inclusiva e missionária, onde a salvação de Deus é oferecida a todos, independentemente de origem, cultura ou nação. É um chamado à unidade e à abertura ao mistério divino que se manifesta na fragilidade de uma criança.
1.a Leitura: Isaías 60,1-6
Nesta profecia de Isaías, o profeta anuncia a chegada da luz salvadora de Deus a Jerusalém, que se tornará um farol para as nações. A cidade, outrora envolta em trevas, resplandece com a glória do Senhor, atraindo povos de longe, com camelos carregados de ouro e incenso. Esse texto prenuncia a universalidade da salvação, simbolizando como os gentios (representados pelas nações estrangeiras) virão ao encontro da luz divina. No contexto da Epifania, o texto bíblico se conecta diretamente à vinda dos Magos, destacando que a manifestação de Deus não é exclusividade de um povo, mas um dom para toda a humanidade.
Salmo Responsorial: Salmo 72 (71),1-2.7-8.10-11.12-13
O Salmo 72 é uma oração pelo rei ideal, que governa com justiça e paz, estendendo seu domínio “de mar a mar”. Ele descreve reis de terras distantes trazendo tributos e presentes, enquanto o soberano socorre os pobres e oprimidos. Na liturgia da Epifania, esse salmo reforça a imagem de Cristo como o Rei universal, cuja justiça alcança todos os confins da terra. Os versos evocam a adoração dos Magos, convidando-nos a responder com louvor à manifestação do Messias que vem para libertar e unir todos os povos em sua misericórdia.
2.a Leitura: Efésios 3,2-3a.5-6
São Paulo, na Carta aos Efésios, revela o “mistério” que lhe foi confiado: a inclusão dos gentios na herança da salvação. Anteriormente oculto, agora é manifesto pelo Espírito que os não-judeus são coerdeiros, membros do mesmo Corpo e participantes da promessa em Cristo Jesus. Essa leitura sublinha a dimensão inclusiva da Epifania, mostrando que a Boa Nova não é privilégio de um grupo étnico, mas uma graça universal. Paulo nos lembra que, por meio do Evangelho, barreiras são derrubadas, e todos são chamados à comunhão com Deus, através da abertura universal da Igreja, sinal de salvação para todos os povos.
Evangelho: Mateus 2,1-12
O Evangelho de São Mateus narra a jornada dos Magos do Oriente, guiados por uma estrela até Belém, onde encontram o recém-nascido Rei dos Judeus. Eles oferecem ouro (símbolo de realeza), incenso (divindade) e mirra (sofrimento futuro), e retornam por outro caminho, evitando Herodes. Essa passagem é o coração da Epifania, ilustrando a manifestação de Jesus aos gentios. Os Magos representam a busca humana pela verdade divina, e sua adoração destaca que Cristo é o centro da história, convidando todos a segui-lo, mesmo em meio a perigos e incertezas.
Conclusão Prática
A liturgia da Epifania nos desafia a não somente celebrar a manifestação de Cristo, mas a vivê-la no cotidiano. Como cristãos, é preciso buscar ser como os Magos: observando os “sinais” da presença de Deus em nossa vida diária e no mundo. Assim, como membros da Igreja, Corpo de Cristo, somos chamados a praticar a inclusão, abrindo-nos a pessoas de diferentes origens e histórias, promovendo a unidade em nossa família, trabalho ou comunidade. Podemos oferecer “presentes” simbólicos, como um maior tempo para a oração, para os necessitados ou palavras de encorajamento, recordando que a luz de Cristo brilha por meio de nós. Assim, tornamo-nos uma epifania viva, manifestando o amor universal de Deus no mundo ao nosso redor.
