Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Desde o dia 19 de abril de 1940, quando foi celebrado na cidade de Patzcuaro, México, o I Congresso Indigenista Interamericano, houve a inspiração para estabelecer o Dia do Índio, trazendo para memória suas raízes, suas lutas e seu contributo fundamental para a identidade cultural do Continente Americano. No Brasil, foi reconhecido, pelo decreto nº 5.540, do presidente Getúlio Vargas, em 1943.
Além de ser uma data que valoriza as tradições culturais e o legado dos Povos e Nações Indígenas, não podemos esquecer a justiça e a proteção dos direitos das comunidades atuais, que enfrentam a insegurança do desconhecimento da demarcação das suas terras, bem como a interferência e invasão das mesmas.
Merece cuidado e atenção o respeito às lideranças indígenas e a acolhida às suas demandas e legítimas pretensões, contra tentativas de intimidação e criminalização. Quando desconsideramos este patrimônio cultural e espiritual, ou perdemos de vista os valores e cosmovisões destes nossos irmãos/ãs, empobrecemos nossa percepção da realidade e deixamos de crescer na possibilidade de um desenvolvimento integral e sustentável.
Precisamos escutar e levar a sério as vozes dos Povos da floresta, dos diversos biomas que configuram o habitat natural destas comunidades que nos ensinam a comunhão com a Mãe Terra e a arte do bem viver e conviver. Trata-se de tê-los como mestres e aliados para superar a lógica da mercantilização da vida rumo à civilização do cuidado, da ternura e partilha, protegendo a água, o clima, a Terra, a fauna e a flora e todos os seres viventes.
Na expectativa do Sínodo Eclesial das Igrejas da Amazônia, queremos testemunhar nossa solidariedade para estes Povos, formalizando com eles a Aliança da vida e do cuidado da Casa Comum. Que o Pai das Misericórdias nos leve a uma conversão ecológica que desperte nossa responsabilidade e missão de edenizar a Terra em beneficio de todos os Povos e criaturas. Deus seja louvado!
