Nesta época do ano é comum a arrecadação de comida, brinquedos, roupas para distribuir entre as pessoas mais necessitadas e para as crianças. Além disso, é costume a troca de presentes e cartões desejando feliz Natal e bom ano. Tudo isso despertando o desejo do bem no coração humano.
Também os enfeites em nossas casas, nas ruas e nas casas comerciais, assim como as apresentações de corais e cânticos próprios criam um clima favorável ao belo.
Esse clima nos leva ao desejo de partilhar amizade, de visitar a família, de sentar-se em torno da mesa para uma refeição, de cumprimentar os conhecidos e próximos, demonstrando que há no coração de cada um muita reserva de bondade e fraternidade.
Em alguns momentos extraordinários a mesma coisa ocorre, como é o fato das coletas de alimentos, dinheiro, roupas e outras doações no caso das catástrofes e estragos causados pelas enchentes, que normalmente são atribuídos a causas naturais, mas que sabemos ser na realidade, na maioria das vezes, causados pela intervenção errada do homem na natureza.
Esses gestos de solidariedade ainda se ampliam em outras ocasiões, como no auxílio a um tratamento ou compra de remédio por ocasião de uma doença e que as pessoas se sensibilizam e partilham o pouco que têm para tentar resolver essas questões.
Esses gestos demonstram que a cultura do egoísmo, do lucro a qualquer custo, do individualismo ainda não conseguiram ganhar espaço maior e penetrar no âmago do coração humano. Ainda existe espaço para o voluntariado, apesar da lei restritiva do nosso país que mais atrapalha que ajuda aqueles que querem com generosidade ajudar o seu semelhante na gratuidade.
A formação cristã cultivada em nossas terras há mais de 500 anos continua forte e trazendo à tona os valores do Evangelho que aqui foi anunciado e vivido desde o início da chegada dos primeiros cristãos nas Américas e criaram uma cultura que, mesmo que nestes últimos 50 anos tenha sofrido uma tentativa de mudança, porém ainda o coração humano tende a ajudar, ser solidário e à partilha na gratuidade.
No entanto vemos que muitas vezes caímos nos erros e na cultura interesseira de hoje. É o caso que foi divulgado pela mídia dias atrás sobre alguns voluntários que “se aproveitaram” da função e levaram para suas casas alguns bens doados para os necessitados. Alguns caíram em si e acabaram pedindo desculpas e devolvendo, o que demonstra a luta entre dois modelos que lutam dentro de cada pessoa: de um lado a formação de querer levar vantagem em tudo e pensar só em si e em seus problemas, e de outro a partilha generosa ajudando as pessoas desconhecidas necessitadas.
Esses fatos devem nos ajudar a ver em que posição estamos e o que poderemos fazer. Se a nossa sociedade foi formada para o bem, o belo e o bom e tem uma tendência a assim viver – porém isso atualmente está em luta com outra mentalidade: interesseira, egoísta e de querer vantagem em tudo. A uma situação de ideologias que com clima de humanismo fazem com que percamos outros valores como do valor da vida, da liberdade e da verdade objetiva necessitamos responder com atitudes onde os valores cristãos demonstram o verdadeiro caminho a percorrer.
O clima do Natal é uma ótima oportunidade de passar valores aos nossos filhos e à sociedade. Creio que todos concordam, mesmo os que não crêem, que é muito melhor que a humanidade percorra os caminhos da solidariedade e da paz do que a situação do egoísmo interesseiro.
Cabe a nós decidir a que tipo de situação iremos querer privilegiar, alimentar, cultivar em nossa vida, nossas conversas, nossas reportagens. Somos nós que iremos responder pelos caminhos que iremos percorrer no amanhã de nossas vidas e de nossa nação.
Que o Natal que se aproxima nos encontre com vontade de continuar com esse clima de generosidade e solidariedade que, no fundo, é uma tradução hoje do ensinamento de Jesus de Nazaré, o Cristo Senhor: “amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”! Feliz e Santo Natal com Cristo a todos!