Tabor: monte onde Jesus se reveste de luz. Transfigura-se à vista dos discípulos: Pedro, Tiago, João, do patriarca Moisés e do profeta Elias, personagens bíblicos que representam a Lei e os profetas, cujas promessas são plenamente realizadas na pessoa de Jesus.
Configurado como novo Moisés que recebeu as tábuas da Lei, Jesus traz de junto do Pai a força do Espírito de Amor. Tão somente contando com a luz do Espírito, recebemos a sabedoria, o entendimento, a fortaleza para que a Lei seja assimilada em nós como um valor. A lei requer não apenas a adoção de um comportamento, mas a compreensão e a vivência de valores que impulsionam nossas vidas.
Configurado como novo Elias, Jesus é o profeta do Pai, Palavra viva que nos guia e orienta nos caminhos da vida, cuja meta visa a plena comunhão da humanidade com o Pai e a construção da civilização do amor, justiça e paz. Jesus nos revela o Pai. Assumindo essa meta, Jesus se reveste da luminosidade inefável do Espírito, doador da vida e dos dons.
Transfigurado, revestido de luz no esplendor do Espírito, como recebe do Pai, Jesus no-lo outorga. O Espírito o conduz e o leva a doar a própria vida. Na força do Espírito de Luz, ama a humanidade, enfrenta a traição, encara o sofrimento, assume a morte de cruz. A atitude suprema de amor vence o mal, a morte eterna, a negação da vida.
Jesus anuncia, por três vezes, os últimos dias de sua vida, paixão e morte. Deveria ser rejeitado e morto, porém, ao terceiro dia, ressuscita. O Pai reveste Jesus de Luz, simbolizando sua compaixão – união intrínseca no Espírito de Amor que integra o Pai e o Filho. Aqui, razão beira o mistério. Questionamos por que a cruz, o sofrimento, a morte?
A resposta encontra-se no Amor de Jesus, Luz e Verbo da Vida. De tal modo o Pai amou a humanidade que entregou seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas possua a vida eterna (Cf. Jo. 3, 16). O homem perece quando perde a vida eterna, não a vida temporal. A salvação não nos livra do sofrimento temporal, mas, da perda do sentido da vida, da vida plena, da vida eterna.
Os misteriosos e insondáveis desígnios do Pai levam Jesus a absorver as contradições que assolam a humanidade, enfrentando a morte. Morte é perda da vida temporal. Morte eterna seria a perda do sentido da vida – perda pelo pecado de não amar. Egoísmo, fechamento em si, ódio, enfim, o que desvia a humanidade da comunhão com Deus e com o próximo.
A crucifixão e a morte de Jesus superam essa perda e nos devolve sua vida, a vida plena, a vida eterna. A transfiguração de Jesus simboliza a clarividência fulgurante na qual enxergamos a realidade do mundo a ser transformado pelo amor.
Em suas práticas, Jesus jamais se desviou da meta a ser alcançada. A luz que espanta a treva, amor que supera o ódio, a unidade que reintegra pessoas, famílias, raças e povos divididos e separados.
A transfiguração de Jesus é sinal sagrado que supera a morte e nos envolve na vida segundo o Espírito. Jesus no-la outorga ao afirmar: “vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo” (Cf. Mt. 5, 13-14).
