Você já ouviu ou talvez já usou esta expressão, que pode ser interpretada como valor do precioso tempo que temos, como também no sentido de não perder tempo em acumular riquezas, na pretensão de garantir o futuro. Estamos numa grande encruzilhada, onde as coisas parecem ser o que de mais importante possuímos e com elas a preocupação em acumular sempre mais. Como seria bom se fosse possível parar o tempo! Esse é o grande desejo do ativismo desenfreado, desumano e estressante do homem moderno.
A ação, o agito é a marca número um de quem tem o tempo como dinheiro. Tão pobre porque só tem dinheiro. A outra opção nesta dupla via da vida é a capacidade de contemplar. Mesmo mergulhado nos afazeres do ativismo de cada dia, ainda saber ouvir, aquietar o coração, buscar o silêncio do quarto ou do templo para orar, para respirar com plenos pulmões a verdadeira vida.
Esse dilema moderno já foi vivido por duas mulheres no tempo de Jesus. Foi lá em Betânia, na Palestina, em casa de Marta e Maria, que o dilema da ação e da contemplação, da ação e da oração se encontraram, revelando duas dimensões essenciais da vida humana.
Diante da justa preocupação com visita tão nobre em casa, Marta, mulher dedicada, serviçal, preocupada em oferecer o melhor para o Mestre que naquele dia escolheu a sua casa, corre e se agita com os afazeres, perde a paciência e reclama: “Senhor, não te importa que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda que ela me venha ajudar!” (Lc 10,40). Expressão típica do ativista, daquele ou daquela que não sabe ver outra coisa a não ser o serviço, por mais importante que seja.
Ao lado, se vê Maria sentada aos pés do Mestre, ouvindo. Atitude típica de quem sabe parar, silenciar a mente e o coração para carregar as baterias a fim de não faltar energia para uma atividade fecunda e gratificante. Essa energia não se encontra em lugar nenhum a não ser na constante união com o Criador na oração. Saber orar é estender a mão a Deus e amar, é abrir os braços solidários a todas as pessoas.
Jesus responde à agitada mulher dona da casa: “Marta, Marta você se preocupa com muita coisa; uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que nunca lhe será tirada” (Lc 10,41). Marta, agitada com as coisas, parecia ver Maria perder tempo. Para o ativismo dos dias atuais não é diferente. Não se tem tempo para estender as mãos a Deus, não se tem tempo para amar, para estender os braços às pessoas que conosco fazem o mesmo caminho.
Embriagados pela ideologia do capital, muitos se esquecem que “uma só coisa é necessária e essa não será tirada”. O nosso caixão não tem gavetas, na casa do Pai só há lugar para quem sabe orar e amar. São João Maria Vianey dizia: “Essa é a mais bela profissão do homem: rezar e amar”. Como seriam diferentes as relações nas famílias, nas empresas, nos hospitais, nos consultórios médicos, nas escolas, nas universidades, nas Igrejas, na convivência diária, se as pessoas soubessem o valor da oração e da contemplação.
O sentido profundo dos nossos afazeres, trabalhos e luta pelo pão de cada dia, que não pode ser menosprezado, está no equilíbrio entre a agitação e a constante união com Deus. Esse é o tempo que vale a eternidade!