Teologia das Religiões


Obra indicada:

BERGERON, Richard. Fora da Igreja também há salvação. São Paulo, SP; Loyola, 2009. 236 p.

Autor (breve apresentação) :

Professor emérito da Faculdade de Teologia da Universidade de Montreal – Canadá. Fundou e foi presidente do CINR, entidade dedicada à análise crítica e ao discernimento do pluralismo religioso e espiritual.

Sinopse:

Esta obra reflete a questão do pluralismo religioso desde o ponto de vista da espiritualidade cristã, partindo de uma perspectiva antropocêntrica. Por isso sua primeira parte se dedica a recuperar a gênese da espiritualidade na história do cristianismo. O judaísmo e o cristianismo são apresentados como os dois banquetes que dão origem à espiritualidade cristã.

A segunda parte já entra propriamente na análise da espiritualidade num contexto pluralista. O capítulo cinco reflete sobre a possibilidade de uma espiritualidade inter-religiosa e ressalta traços interessantes como a alteridade,a tolerância e a simpatia como atitudes dialogais plausíveis.

A terceira parte destaca a carência de uma fundamentação teológica mais consistente para a prática do diálogo entre as religiões. Propõe o caminho místico como viável, mas ainda frágil. O capítulo 8 merece destaque por apresentar a insuperável assimetria entre as religiões. Diálogo respeitoso, reconhecimento mútuo e enriquecimento recíproco não suprimem as diferenças irredutíveis entre as religiões. Há que se buscar caminhos de diálogo que não suponham a ilusão de uma reconciliação total entre experiências diferentes.

Por fim, é o encontro mesmo entre as pessoas religiosas que fará com que o diálogo seja fecundo e encontre seu sentido. As religiões cumprem seu papel quando conseguem levar o ser humano ao descentramento de si e a abertura ao divino. Ao apelar para o Deus sempre transcendente, o autor propõe que o contato intra-religioso, já sugerido por Raimundo Panikkar, é caminho fecundo de crescimento espiritual. Fala de uma “experiência fontal” que uniria todas as pessoas religiosas. A diferença estaria na apreensão de tal experiência em diferentes contextos culturais. Claro que entre essas experiências, o cristianismo tem um lugar diferenciado. Isso a obra não deixa claro. A insistência na primazia da experiência, muitas vezes em detrimento do conceito, pode levar a um subjetivismo acrítico.

Partes principais da obra:

1. Capítulo 1 – O caminho do amor (Mestre Jesus; as comunidades palestinas; as comunidades judeu-helenistas).

2. Capítulo 4 – Do pluralismo ao diálogo (O pluralismo religioso; a categoria do diálogo; uma identidade dinâmica).

3. Capítulo 5 – A espiritualidade cristã pluralista (Para uma espiritualidade inter-religiosa; o amor e a alteridade; dois traços do amor de alteridade – tolerância e simpatia; o diálogo interior).

4. Capítulo 6 – As metas teológicas (O problema; o dever de atenção; um lugar para a teologia das religiões).

5. Capítulo 8 – A reciprocidade assimétrica das religiões (Das religiões à revelação; A absolutidade das religiões, absolutidade de Cristo).

Por que essa obra é relevante (justificar):

Mesmo sem tocar em aspectos mais profundos da reflexão teológica sobre as religiões, a leitura desse livro vale como provocação para que aprimoremos certos conceitos facilmente colocados e não adequadamento fundamentados.

Responsável pelas informações (nome/ diocese ou instituição em que atua):

Pe. Carlos Antonio da Silva – IFITEPS, Nova Iguaçu, RJ

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