AFONSO MARIA LIGORIO SOARES e doutor em Ciências da Religião, pós-doutorado em Teologia. Professor da PUC-SP no Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências da Religião, ocupando atualmente a Chefia do Departamento de Teologia e Ciências da Religião (2007-2009). Também exerce mandato (2007-2010) de Presidente da Sociedade de Teologia e Ciências da Religião do Brasil (SOTER).

JOÃO DÉCIO PASSOS, mestre em Ciências da Religião e Doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP. Professor Associado do De­partamento de Teologia e Ciências da Religião e do Programa de Estudos Pós-Gra­duados em Ciências da Religião da PUC-SP. Professor do Instituto Teológico São Paulo e Tesoureiro da Sociedade de Teologia e Ciências da Religião (SOTER).

O mundo está se tornando cada vez mais urbano. A maioria da população mundial vive hoje nas cidades, no caso do Brasil, a população urbana já ultrapassa 80% do conjunto da população. A evangelização dos centros urbanos apresenta-se como um dos desafios mais instigantes neste terceiro milênio. A “cultura urbana”, entendida como produto que se expande a partir da metrópole, cria a metrópole onipre­sente em todos os recônditos do planeta, impondo seus modos de con­sumir e de pensar a realidade.

No que se refere à organização social e a utopia de uma nova sociedade, a cidade, especialmente as metrópoles expõe de modo extremamente concreto as precarie­dades humanas. Ela expõe aos olhos da história a falência do que o projeto burguês, que prometeu melhor condição de vida para todos e não cumpriu. Quanto a dimensão religiosa, percebe-se que a cultura urbana retira cada vez mais a religião do espaço público e político, relegando-a ao espaço das intimida­des individuais e confessionais.

É justamente esta temática que abordar a obra, e o faz de forma coletiva e de modo multidisciplinar e interdisciplinar. Tomando a cidade de São Paulo como cenário das diversas reflexões nos apresenta interrogações e os desafios, ao mesmo tempo em que nos estimula a buscar saídas mais coe­rentes, seja do ponto de vista do poder público, seja das religiões organizadas.

As reflexões estão dispostas em três momentos específicos. Um pri­meiro nos fornece uma visão da presença da religião na metrópole, expondo sua identidade e processos. Um segundo busca parâme­tros para a convivência civilizada e cidadã, nesse contexto, expõe referências éticas a partir da filosofia e da teologia. No terceiro delineia alguns desafios para a religião e, de modo particular, para o cristianismo da grande cidade.

As contribuições que integram a primei­ra parte são encabeçadas pela reflexão que inves­tiga a lógica e o projeto da religião, confrontados com as contradições da metrópole. Em seguida, é traçado um panorama da multiplicidade religiosa no espaço urbano, seguido de um ensaio sobre sincretismos temporais na religiosidade da metrópole paulistana e um estudo de caso fo­cado nos hibridismos religiosos dos grandes centros urbanos. Encerram esta parte duas leituras do catolicismo urbano.

A segunda parte da obra traz duas contribuições filosóficas: a pri­meira, de sobre as interações entre ética e cida­dania; a segunda, discorre sobre alteridade e convivência. Um terceiro trabalho discute a questão do direito à convivência nas cidades visando discorrer sobre aspectos relacionados ao exercício da cidadania. Em seguida, e apresentada reflexão sobre a fé na sociedade metropolitana. Conclui esta segunda parte com dois estudos bíblico-exegéticos: o primeiro analisa alguns dilemas da antiga metrópole de Corinto para o cristianismo nas­cente; e o segundo uma exegese do Salmo 122 nos oferece algumas sugestões sobre quais seriam as tarefas da cidade.

Finalmente, a última parte visa destacar os desafios à vida na me­trópole e as funções aí exercidas pela religião. Esta inicia com apurada análise da sustentabilidade urbana, seguido de algumas leituras con­temporâneas da exclusão e da inclusão social. Sob o titulo cultura de consumo e práticas religiosas, é apresentado o universo da cultura como uma das evidências mais marcantes da nossa incompletude, sugerindo estar aí uma ponte com as práticas religiosas contemporâneas. A seguir analisa as interações entre religião e violência e a relação entre a busca de eficácias rituais e a premência dos problemas urbanos. Fecha-se a discussão desta parte a leitura prospectiva sobre o futuro da cidade e do cristianismo.

1. A religião na metrópole.

2. Aspectos éticos e teológicos.

3. Desafios à vida na metrópole e funções da religião.

A presença da Igreja nos centros urbanos é um tema que vem sendo refletido por muitos. O desafio é conhecer a cidade como um conjunto sem perder de vista suas especificidades. Para isto é fundamental a parceria das mais diversas áreas do conhecimento. Esta obra é o resultado de um esforço coletivo de pensar a grande cidade de modo multidiciplinar e interdiciplinar, refletindo sobre as expressões da fé na metrópole contemporânea. Isso já justifica a importância da obra, acrescente-se a isso a qualidade das abordagens. Para quem quer pensar sua ação pastoral a partir da realidade urbana, esta é uma leitura obrigatória.

Pe. Antonio Dalla Costa SAC – Faculdade Palotina – Santa Maria, RS