Terra Santa: uma experiência de fé

Dom Francisco Biasin
Bispo de Barra do Pirai – Volta Redonda (RJ)

 

Na segunda metade do mês de junho com 19 irmãs e irmãos da nossa diocese e alguns de outras regiões do Brasil peregrinamos à Terra Santa! Foi um momento de muita fé, de muita emoção e de profunda religiosidade.

É inegável que, depois de uma experiência tão forte, meditar os evangelhos agora, significa rever os lugares por onde Jesus passou, reviver sentimentos e impulsos interiores de grande intensidade.

 Visitar a Terra Santa é mergulhar na história da salvação, é experimentar a encarnação do Verbo de Deus na realidade humana, na nossa história. Entende-se, por exemplo, porque Jesus chorou ao contemplar a explanada do templo na perspectiva da destruição: ?não ficará pedra sobre pedra!?. Entende-se também o descrever detalhado que Jesus faz do pastor que conduz o rebanho, do agricultor que lança a semente, da mulher que faz o pão misturando a farinha com o fermento etc. Um Deus que se faz humano, tão humano que desconstrói a nossa imagem de Deus e faz emergir o segredo de tamanha humilhação: o AMOR! ?Por nós homens e pela nossa salvação desceu do céu e se fez homem!? – rezamos na nossa solene profissão de fé.

Contudo a visita à Terra Santa não é indispensável para a nossa salvação e deve ser relativizada diante do mistério no qual somos mergulhados. Há muitos anos fiquei impressionado pelas palavras de Dom Helder que relatam a sua profunda experiência mística.

«Para Dom Helder, a Missa, enquanto ?encontro pessoal com Cristo vivo? era maior que todas as outras formas de oração. Por isso, ele não nutria interesse de peregrinar, por exemplo, à Terra Santa: ?De que me adianta saber: ali nasceu Jesus, por ali andou, ali morreu, se cada manhã o tenho em minhas mãos e, ao invés de uma Belém vazia e do passado, tenho Belém atualíssima e vou a um Calvário onde o Filho de Deus, de verdade, continua a oferecer-se pela humanidade, a dizer comigo: ?Pai, perdoa, eles não sabem o que fazem, e a rezar conosco o Pai nosso!??» (O caminho espiritual de Dom Helder Câmara – Ivair Antonio Rampon, Paulinas)

Realmente os santos experimentavam diretamente, sem nenhuma mediação, o encontro pessoal com Cristo vivo que transforma a vida de cada pessoa, transformando-a em discípula e missionária do Senhor tornando-a sua presença viva no mundo de hoje e na terra que ela pisa!

A peregrinação na Terra de Jesus, para alcançar a sua finalidade deve ser encarada como uma experiência de fé! Nós celebramos a Eucaristia todos os dias! A cada dia, de acordo com os lugares que visitávamos, rezamos exercícios de piedade como a Via Sacra, o terço, a leitura bíblica meditada e aproveitamos para recebermos os sacramentos da fé: a reconciliação, a renovação das promessas batismais, do compromisso conjugal para os casados e assim renovamos a nossa fé!

É claro que todos os dias lembramos dos padres, diáconos, seminaristas, religiosos/as, das nossas comunidades, pastorais, de todos os ministros e ministras e de todos os agentes de pastoral! Lembramos e rezamos pelos doentes e sofredores que se recomendaram às nossas orações e acompanhamos com carinho e trepidação os acontecimentos do nosso país.

Não esquecemos das cores do nosso Brasil torcendo apaixonadamente na Copa do mundo?, mas este é um capítulo a parte que merece outra reflexão!

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