Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos
A preparação do Natal pode ser banalizada, ou desvirtuada, se não ficarmos atentos à verdadeira alegria do encontro com o Deus criança. O mesmo João Batista, que estava preso, sentiu-se perplexo e mandou perguntar a Jesus se era Ele o esperado, expressando a dificuldade de acreditar nas surpresas de Deus. De veras, é necessário deixar para trás nossas cardiopatias espirituais, o nosso cansaço vital e ceticismo, para deslumbrar-nos novamente com o inédito de um Menino Deus que entra e nasce na nossa vida. Um Deus vizinho, próximo, gente como a gente, que quis ter a experiência de ser um estreante na vida humana. É pena perder a capacidade de assombrar-se e maravilhar-se, como os pastores e os pequeninos do Reino, que acreditaram piamente na mensagem dos anjos. Não assimilamos, ainda, a infinita misericórdia e compaixão do Pai, que nos envia seu Filho, para abraçar-nos desde a manjedoura, manifestando a ternura e a bondade infinitas. O Natal é retornar ao regaço materno, às vivências familiares, que revelam o que há de melhor em nós, a possibilidade de amar, de ser dádiva para os outros. Ser cristão é testemunhar, com sinais inequívocos e autênticos, a encarnação divina que significa o humanizar-se de um Deus, de transpor a distância, de despojar-se de seguranças, apequenar-se para caber em todos os corações. Ir ao encontro do sofrimento, da aflição e das misérias humanas, para tocar a carne, e curá-la com a solidariedade fraterna, a alegria de compartilhar a aventura e a dignidade de fazermos parte da mesma gente e família. Não tenhamos medo de amar, de abraçar e de expor nossos sentimentos e o que verdadeiramente somos, porque para isso veio Jesus nos visitar tornando-se nosso Irmão. Deus seja louvado!