Todos contra o abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)

 

No dia 18 de maio de 1998, promovido pelo I Encontro da Rede Internacional de Organizações contra a Exploração Sexual da Infância, na Bahia, as mais de 80 entidades integrantes da Instituição patrocinadora decidiram criar o Dia Nacional de Combate ao Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

Essa proposta foi transformada em lei, em 17/05/2000, pelo diploma nº 9970. Muito influenciou essa legislação protetora, o caso da menina Araceli Cabrera Sanches, de oito anos de idade, que foi sequestrada, drogada, espancada, estuprada e morta por membros de uma tradicional família capixaba. Acabou, como muitas histórias que mexem com pessoas da elite, impune.

No entanto, a sociedade civil reagiu revoltada e se mobilizou com campanhas de incentivo à denúncia, reforçando o lema da iniciativa e da luta: Esquecer é permitir”. “Lembrar é combater. Estudos atuais demonstram que o número de crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual é estarrecedor. A Abrapia (Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência), num registro de 1500 denúncias de abuso sexual, observou que 58 % dos casos aconteceram dentro da própria família, 80 % pertencem ao sexo feminino, 49 % destas crianças têm entre dois e cinco anos.

Importa distinguir, também, a exploração sexual infanto-juvenil, que visa fins e retorno lucrativo, com o abuso sexual nas que a vítima é submetida e forçada, por ameaça ou coação, à prática sexual. Para nós, cristão, além de um crime hediondo e perverso, trata-se de um pecado que ofende gravemente ao Deus misericordioso que promove a vida e acolhe com amor as criancinhas: Deixai vir a Mim as criancinhas, porque delas é o Reino dos Céus, e advertiu:

Quem provocar a queda de um só destes pequeninos, melhor seria que lhe amarrassem ao pescoço uma pedra de moinho e o lançassem no fundo do mar!, Mt 18,6. Por uma sociedade segura e cuidadora das crianças e adolescentes, e uma Igreja que sempre defenda sua pureza, inocência e alegria. Deus seja louvado!

 

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