Trabalho e produção

Você almoça e janta? Agradeça a Deus pela sua capacidade de trabalhar e trazer o pão de cada dia para a sua família. Agradeça também ao produtor rural que às duras custas sobrevive num mercado competitivo e faz chegar a nossa mesa alimentos indispensáveis para uma vida saudável.

No dia do trabalho – melhor seria dizer dia do trabalhador – questionemos: por que no Brasil se investe tão pouco nas áreas com potencialidade produtiva, tentando harmonizar a agricultura familiar com o agronegócio? A crítica construtiva se destina a muitas instâncias produtivas do nosso imenso País, incluindo, pois, a nossa Paraíba.

O questionamento irrita as hostes agressivas e baderneiras do MST e congêneres. A intenção inicial destes e de outros movimentos populares, hoje desgastados, voltava-se para a conquista da terra para nela o trabalhador rural se fixar. Pressupunha-se a vocação do pequeno produtor rural se instruir tecnicamente, organizar-se em cooperativas, enfim, tornar-se competitivo na esfera agrária, agrícola e outras produções conexas.

Ao longo do tempo os movimentos se tornaram bandeira ideológica, forrados com verbas do erário. Invasões, destruições em massa, represálias arbitrárias, caravanas e marchas em eventos realizados em Brasília. Tudo financiado. Festança. A nítida imagem projetada desses movimentos é de que não querem terra para trabalhar e sim dinheiro à mão para sustentar a luta ideológica (e festiva).

A palavra de ordem desses movimentos é atuar na realização de um plebiscito para restringir e/ou impor limites à propriedade rural. A agenda assemelha-se a uma reforma agrária, de viés esquerdista, dos anos 60 e 70. Retrocedemos no tempo e no espaço. Impor limites não basta. O que está em questão são a eficiência e a qualidade da produção agrícola, agroindustrial, agropecuária.

É preciso considerar que o cerne da questão é a garantia de investimentos na infraestrutura, assistência técnica, crédito, enfim, na qualificação dos trabalhadores e da produção. Hoje se trabalha em redes produtivas, adotando o cooperativismo. Não existe mais a utopia bucólica de pequenas propriedades de subsistência. Cada qual planta uma coisinha…

Mercado existe, absorvendo os produtos que respeitam o sistema das pequenas e médias cooperativas, desde que se garanta produtividade qualificada. O censo do IBGE de 2006 mostra que a boa produtividade depende do investimento, resultando em desempenho competitivo.

O que se deve fazer é garantir investimentos para quem tem vocação para trabalhar na terra. De nada adianta reproduzir o esquema fracassado de invadir terra dos outros, pouco ou muito produtiva que seja. As políticas públicas verdadeiras não se reduzem a um tipo de solução como pretendem os libertadores do campo.

Hoje é imprescindível um plano de políticas agrárias, agrícolas e hídricas, importando na pesquisa de campo, planejamentos e investimentos garantidos. Águas do Rio São Francisco vêm em nosso auxílio, oferecendo segurança hídrica às onze bacias hidrográficas, perenizando água suficiente para pólos rurais produtivos, máxime por modernos sistemas de irrigação.

É preciso que os gestores se articulem e se mobilizem planejando o que fazer com as águas que vêm aí. Francamente, o receio é que não mais encontremos vocações que queiram trabalhar na terra. Filhos de pequenos agricultores e produtores rurais querem uma casa no campo, de poucos hectares, para gozar a vida. Limitar propriedade servirá só pra isso.

Dom Aldo Di Cillo Pagotto

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