Foi uma noite bonita e gostosa a de 30 de abril p.p. Todos, que tiveram o prazer de estar no amplo auditório da Biblioteca Municipal para o lançamento do dicionário UAI, podem confirmar a veracidade desta afirmação. Não foi noite de amplos e sonolentos discursos. Foi um encontro alegre e bonito de tom familiar e afetuoso.
Os dois irmãos Prata – Hugo e Thomaz – autores do UAI, lançaram este dicionário de expressões comuns em nosso Estado de Minas, que constituem “o modo popular da fala mineira”. O livro revela o espírito de observação dos dois autores, que tornam simpáticas as expressões da gente simples.
As falas de Terezinha Hueb, presidente da Academia de Letras e de João Gilberto – o médico que é irmão-gêmeo de alma do Padre Prata – abriram simpaticamente a reunião.
As duas conhecidas gêmeas – Ani e Iná – declamaram belo texto do Padre Prata. Foi também recitado um lindo poema dele, cuja veia poética ainda não era conhecida. Agora ele se integrou no seleto clube dos que são iluminados pelas musas…
Hélio Siqueira sonorizou e encantou o auditório com sua melodiosa voz, cantando, ao som do violão, belíssimas canções do seu invejável repertório.
Para finalizar Hugo, agradecendo, provocou um clima de hilaridade ao relatar casos com singular viveza e graça. Padre Prata encerrou a reunião com chave de ouro, como sabe fazer.
UAI, registro de vocábulos e expressões populares de nosso Estado, não é uma anti-gramática e sim um pitoresco registro das maneiras de expressar-se de nossos co-estaduanos. Não é coleção de solecismos, mas precioso registro do “modo popular da fala mineira”, que substitui o “o” final das palavras por “u” (“cavalu” – “meninu”); come o “r” final dos verbos (“chegá” – “andá”) e o “i” dos ditongos ““carnero” – “coquero”). Mais ainda: os proparoxítonos são apocopados: “córrego” vira “corgo” e “abóbora” vira “abobra”. São exemplos que os dois atentos autores registram.
O dicionário dos irmãos Prata é fruto de quem tem olhar de línce e oiças de maestro de filarmônica. Com isto, além de produzirem singular e rico acervo de expressões mineiras, revelaram-se perigosos espiões de nosso jeito e de nossa fala. Cuidado pois com eles … Perigosíssimos!