Dom Carlos José de Oliveira
Bispo de Apucarana
“Mas os que esperam no Senhor, renovam suas forças…” (Is 40,31).
Há em cada um de nós uma força que vem do Alto, que brota do Coração do próprio Deus e que nos é dada, gratuitamente, em nosso Batismo. Ali, naquele momento, quando recebemos o Espírito Santo de Deus, recebemos os dons necessários, para, durante toda nossa vida, enfrentarmos os acontecimentos cotidianos. Esses dons são as virtudes humanas, que nos amparam nos relacionamentos pessoais, e as virtudes teologais, as quais devemos cultivar para nos relacionarmos com Deus. Uma dessas virtudes teologais (a segunda) é a Esperança, tão necessária para nos proteger do desânimo e nos sustentar quando estamos abatidos, ou passando por uma grande aflição, como está acontecendo nos dias atuais, em que fomos afligidos por essa pandemia do Covid-19. É mais que urgente depositarmos nossa confiança no Coração de Jesus, pois confiar é esperar, é crer que dias melhores virão. Cultivar a esperança é cultivar a fé, é crer no amor misericordioso do Pai que não abandona os filhos à própria sorte. A Palavra de Deus nos lembra continuamente, em tantos versículos, que não devemos ter medo, que devemos crer e esperar Nele: “Não tenhais medo, somente creia” (Mc 5,36), conforme disse Jesus a Jairo, que lhe pedia sobre a vida de sua filha. Também para nós, hoje, Jesus nos pede que nossa esperança seja maior do que os medos e aflições; Ele nos pede que creiamos firmemente no Seu agir, pois, quando nossa esperança está totalmente depositada em seu Divino Coração, passamos pela tribulação fortalecidos e renovados na fé. Sim, a fé e a esperança estão intimamente ligadas: todo aquele que crê sabe esperar em Cristo, confia que, a seu tempo, Ele transformará toda água em Vinho Novo, toda dor em recomeço, toda aflição em alegrias de novos tempos. Ter um coração esperançoso nos une mais intimamente ao Coração do Senhor, e, consequentemente nos faz mais orantes e fieis à vontade de Deus em nossa vida. Jamais esperávamos passar por tempos tão difíceis e, em nossa frágil humanidade, por vezes, sucumbimos. Mas, a exemplo de Maria Santíssima que, diante do sofrimento, esperou contra toda esperança, sem perder a fé e a confiança nos planos de Deus, também nós devemos esperar, pois a Providência Divina não nos abandonará, ao contrário, Ela já está agindo para que uma nova humanidade possa brotar, como fonte de comunhão e solidariedade, onde o ser cristão seja pertencer a Deus de corpo e alma, cumprindo nossa missão de filhos e filhas amados por Ele. Portanto, “Alegrais-vos na esperança, sejam pacientes na tribulação, perseverem na oração” (Rm 12,12).
