Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)
Estimados irmãos e irmãs em Jesus Cristo! O mês de maio reaviva no meu coração as lembranças bonitas da minha infância, marcadas pela devoção mariana, em família e na comunidade de fé. Como poderia esquecer-me daquelas pessoas que o Senhor, com sua bondade e ternura de Pai, e um coração de mãe, colocou no meu caminho. Pessoas marcadas pela simplicidade e disponibilidade de quem coloca a vida nas mãos de Deus ajudaram-me a dar os primeiros passos da iniciação à vida cristã. Em outras palavras, me apresentaram Jesus e sua mãe, a Bem-Aventurada Virgem Maria, a partir da família. Uma família que, pelos laços de parentesco, tinha ligações com várias famílias da comunidade. Uma realidade onde todos se conheciam, porque todos frequentavam a mesma capela e juntos partilhavam as alegrias e provações das intempéries da natureza. Mas também manifestavam solidariedade e sofriam as dores da perda de um ente querido, porque todos nos sentíamos como membros de uma grande família, em que a fé no Senhor Jesus nos unia, e, em Maria, a mãe de Jesus, nos sentíamos amparados e consolados pela ternura materna de um coração humano e divino, que acolhia as nossas dores e, no silêncio, nos apontava o caminho da esperança, que nasce do encontro com o seu filho Jesus.
Nos passos de cada dia, temos no pensamento e no coração, aquela que nos deu a vida, nossa querida mãe. Por ela e com ela, queremos louvar e agradecer a Deus pelo dom da maternidade, e também pedir perdão pelos gestos e atitudes da nossa sociedade, que revelam falta de compreensão, amor e cuidado com a vida de quem acolhe a vida desde a concepção. No dia a dia, recebemos notícias que revelam a falta de proteção do Estado e da sociedade em relação à mulher, e, de modo particular, às mães, o que poderíamos definir como uma falta de respeito e de cuidado em relação à maternidade. Diante da grave crise socioeconômica pela qual estamos passando e que está atingindo muitas pessoas e famílias, em suas necessidades básicas, a figura da mãe ganha uma importância ainda maior, porque sobre ela acaba pesando ainda mais a responsabilidade de prover a sobrevivência dos filhos.
Creio que é um momento em que, de forma individual, institucional, mas também como sociedade, é preciso olhar o mundo e a realidade dos mais desamparados com ternura, compaixão e espírito de solidariedade. Relegar à indiferença o clamor dos que precisam da nossa caridade é um contratestemunho da fé que professamos no Senhor Jesus, que num gesto de amor, doou a própria vida na cruz, para que tivéssemos vida e vida em abundância.
Por intercessão de Nossa Senhora de Caravaggio, nossa mãe, rainha e padroeira de nossa Diocese, abençoe-vos o Deus todo poderoso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.