Aprecio o engenho da arte jornalista da diagramação e formatação. Muitas vezes, a apresentação do noticiário, os artigos, editoriais tornam mais atraente a comunicação. Mas hoje desejo falar da limpidez que deve caracterizar a notícia ou a verdade.

A ordem e a harmonia do mundo criado resultam da diversidade dos seres e das relações que existem entre eles. O homem as descobre progressivamente como leis da natureza. Elas despertam a admiração dos sábios. A beleza da criação reflete a infinita beleza do Criador.

A liberdade não tem o seu ponto de partida absoluto e incondicionado em si própria, mas na existência em que se encontra e que representa para ela, simultaneamente, um limite e uma possibilidade. É a liberdade da criatura, ou seja, liberdade recebida, que deve ser acolhida como germe e fazer-se amadurecer com responsabilidade. Caso contrário, morre como liberdade, destrói o homem e a sociedade.

A lei natural é lei de Deus, não pode ser cancelada pela iniqüidade humana. Ela coloca o fundamento moral indispensável para edificar a comunidade dos homens e para elaborar a lei civil, tira conseqüências de natureza concreta e contingente dos princípios da lei natural. Quem se auto-proclama medida única das coisas e da verdade não pode conviver e colaborar com os próprios semelhantes.

Acho perigosa uma arte que não respeita as religiões.

Imaginemos se nosso grande artista Tati Moreno tivesse criado e esculpido as estátuas  dos Orixás no Dique do Tororó, com rostos de animais ou de grandes artistas. Seria arte mas os adeptos das religiões de matriz africana ficariam ofendidos  justamente.

Os mulçumanos não permitem, sequer, a reprodução de Alá. Muito menos se for ofensiva e jocosa. Também respeitamos esta forma de crer.

O que é sagrado para o outro merece, com ou sem fé, respeito. Assim temos nos posicionado, à medida que vamos compreendendo as realidades e amadurecendo no jeito de acreditar e conviver. Somos solidários, e temos manifestado este sentimento, em todas as circunstâncias em que irmãos de outros credos são ofendidos e perseguidos. O caminho do diálogo tem sido uma constante. Em nossas inúmeras obras sociais, não fazemos acepção de pessoas pelo credo que elas professam.

Por outro lado sempre fomos abertos a todas as manifestações artísticas que retratam nosso ser católico, nossa fé em Jesus Cristo e nos santos. Basta lembrar que na Páscoa de 2009, não apenas apoiamos, mas realizamos as encenações da Paixão de Cristo com atores negros representando Jesus Cristo e a Virgem Maria, acompanhados da percussão da Banda Didá, com batida especialmente criada para a ocasião pelo saudoso Neguinho do Samba.

As novas representações artísticas das Obras de Misericórdia, expostas no Museu da Santa Casa, são um sinal de diálogo constante com o mundo da cultura, inclusive moderna e contemporânea.

Agindo assim, acreditando que é muito bom ser assim, por que temos que aceitar expressões artísticas que violentem a representação dos santos católicos e da Virgem Maria? Não exigimos que todos tenham a mesma fé que temos nós!     Acreditamos cada vez mais que a fé deve ser proposta e não imposta, por mais que já tenhamos agido assim no passado, pelo que já pedimos perdão, através da palavra do Papa João Paulo II.

Não queremos impor a nossa fé, mas exigimos respeito por ela.

A sociedade baiana que em tantos momentos se manifesta, justamente, pelo respeito religioso não foi capaz de fazer o mesmo quando viu estampadas imagens vilipendiadas de santos católicos.  O que há? Temos aqui dois pesos e duas medidas?

Os católicos da Bahia e do Brasil estão ofendidos. A questão não é de suportar o riso mas de não suportar o desrespeito.

A liberdade é no homem sinal altíssimo da imagem divina e, conseqüentemente, sinal da sublime dignidade de toda pessoa humana. A liberdade se exerce no relacionamento entre os seres humanos, como ser livre  e responsável.

Uma grande conquista do mundo moderno é  o respeito à diferença, até  o reconhecimento jurídico de ser diferente. A intolerância ou o deboche manifestam formas de arrogância fora de época.

Dom Geraldo Majella Agnelo

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