Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo
No dia 20 de abril terminou a 56ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB – que teve como tema central a aprovação de “Diretrizes para a formação dos presbíteros na Igreja do Brasil”. São diretrizes que foram aprovadas, isto é, direcionamentos essenciais que devem ser seguidos em todos os Seminários e Casas de Formação de padres no Brasil para manter a unidade da Igreja. As diretrizes aprovadas aplicam para o Brasil a “Ratio Fundamentalis Institutiones Sacerdotalis (O Dom da Vocação Presbiteral), de 08 de dezembro de 2016, da Congregação para o Clero do Vaticano, que traça diretrizes universais da formação de presbíteros.
É dessa maneira que a Igreja Católica vive a unidade. Cada diocese deve seguir as orientações gerais e maiores, mas isto não impede de tomar iniciativas locais. Uma diretriz maior não diminui a criatividade local, pois o esforço de aplicar a norma geral cabe a cada diocese. Desse modo se mantém a unidade nas coisas essenciais. Ter diretrizes gerais para a formação é uma necessidade, pois o padre atua em nome da Igreja e a repercussão do seu trabalho pastoral ultrapassa os limites locais.
O objetivo das diretrizes é formar presbíteros. O referencial absoluto é Jesus Cristo, mestre, sacerdote e pastor. O processo formativo procura levar progressivamente o candidato a configurar-se a Cristo no modo de pensar, de agir e abraçar a missão de anunciar do Evangelho.
As Diretrizes aprovadas oferecem elementos progressivos da formação presbiteral. O ponto de partida é o contexto atual do mundo, com seus desafios e possibilidades. É dentro deste contexto que nasce, cresce e se desenvolve a opção vocacional dos jovens. O primeiro desafio para o jovem é se conhecer, dar-se conta de suas habilidades, seus gostos, seus dons. Em linguagem religiosa falamos fazer o discernimento e a opção vocacional a partir da fé. Cremos que no plano amoroso de Deus há um chamado para cada batizado. É no diálogo de fé que vai acontecendo o primeiro discernimento vocacional. Escolher bem permite viver uma vida mais realizada e feliz.
Dados os primeiros passos, o processo formativo presbiteral vai direcionando os candidatos para a formação mais específica que acontece no seminário maior. Numa visão de conjunto são trabalhadas cinco dimensões. Em primeiro lugar, vem a dimensão humana que é o fundamento de toda formação presbiteral. É promover o crescimento integral do formando para atingir a maturidade necessária para o futuro exercício do ministério ordenado. Uma segunda dimensão é a comunitária capacitando para a convivência fraterna e ser líder de uma comunidade. A dimensão espiritual leva a cultivar uma profunda comunhão com Deus e o seguimento de Jesus Cristo. Alimentar-se de Deus para ser dispensador das graças divinas aos fiéis. A quarta dimensão é a pastoral-missionária, pois os chamados foram escolhidos e são enviados para conduzirem o povo de Deus, a exemplo de Jesus Cristo o Bom Pastor. A quinta dimensão é a formação intelectual que se desenvolve normalmente através das faculdades de filosofia e de teologia. As dimensões são desenvolvidas simultânea e harmonicamente.
A unidade da Igreja não é feita só de boas intenções, mas é feita através de instrumentos de trabalho, de ajuda mútua. A CNBB, ao elaborar conjuntamente as diretrizes, faz este exercício de comunhão, de partilha e unidade no essencial.