Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul
Caros diocesanos. Na Semana Santa celebramos o Mistério da morte e da ressurreição de Jesus Cristo, como unidade pascal. Ela inicia com o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor e tem seu centro celebrativo no Tríduo pascal, que começa com a Missa vespertina da Ceia do Senhor (5ª Feira Santa) e possui seu ponto alto na Vigília Pascal, encerrando-se com as vésperas do Domingo da Ressurreição.
Hoje não queremos falar diretamente sobre a celebração de todos estes mistérios, próprios da Semana Santa, mas desejamos destacar a vocação sacerdotal, lembrada especialmente no primeiro domingo do mês vocacional de agosto e recordada vivamente na 5ª Feira Santa, quando é celebrada a Missa da Bênção dos óleos e a consagração do santo Crisma, após a Renovação das Promessas Sacerdotais. Nesta celebração o bispo, rodeado pelos seus presbíteros concelebrantes, os quais renovam o que prometeram na Ordenação sacerdotal, abençoa o óleo da unção dos enfermos (usado pelos presbíteros para ungir idosos e doentes), o óleo dos catecúmenos (usado pelos presbíteros e diáconos no Batismo) e o óleo do santo crisma (usado pelos diáconos e presbíteros no Batismo, e pelo bispo na Confirmação, nas Ordenações de bispos e de presbíteros, na Consagração de igrejas e altares). Esta celebração da Missa do Crisma, presidida pelo bispo, “é considerada uma das principais manifestações da plenitude do seu sacerdócio e sinal de estreita união dos presbíteros com ele… A consagração do crisma é da competência exclusiva do Bispo… É sempre concelebrada. Convém que, entre os presbíteros que a concelebram com o Bispo e são seus representantes e cooperadores no ministério do santo crisma, encontrem-se sacerdotes das várias regiões da diocese” (Pontifical Romano, 2ª Ed. Paulus, 2004, pp. 525-527, nn. 1, 6 e 14. Cf. tb. Missal Romano – Missa do Crisma, pp. 235ss).
A reforma litúrgica do Vaticano II, portanto, manteve uma antiga cerimônia e acrescentou o rito da Renovação das Promessas Sacerdotais, que antecede a Bênção dos Óleos e a Confecção do Crisma. Jesus, junto com a eucaristia, instituiu também o sacerdócio, dizendo aos apóstolos: “Fazei isto em memória de mim”. Por isso, na 5ª Feira Santa, de manhã, os sacerdotes das dioceses concelebram com seu Bispo na Missa do Crisma, como sinal de unidade e de comunhão sacerdotal. O bispo, os sacerdotes e diáconos participam do mesmo sacerdócio de Jesus Cristo, embora em graus diferentes.
Na diocese de Santa Cruz do Sul já é tradicional que esta concelebração seja antecipada para a 4ª Feira Santa, à tarde, a fim de que os presbíteros possam voltar da Catedral e celebrar as cerimônias da 5ª Feira Santa em suas comunidades paroquiais (cf. Idem, n. 10). Em 2020, devido às ameaças do coronavírus, a celebração acontecerá sem presença de povo na catedral, mas de profunda comunhão diocesana, à distância.
Pelo que vimos acima, certamente, entendemos o sentido e a importância da bênção dos óleos dos enfermos e dos catecúmenos e da consagração do óleo do santo crisma, na Semana Santa, os quais são levados pelos presbíteros para as Paróquias e ministrados, somente pelos ministros ordenados, durante o ano todo. Por isso, só é permitido o uso destes óleos nas ocasiões indicadas pela Igreja e pelas pessoas competentes, segundo o grau de seu ministério ordenado. Estes Óleos não são usados pelos leigos, mesmo que sejam ministros extraordinários. Também seja evitado o uso de outros óleos, mesmo simbólicos, pois estes confundem os fiéis e levam a equiparações. Concluímos hoje, com votos de feliz e santa Páscoa, mesmo em tempos de coronavírus!