Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba
O maior dom que a pessoa tem e a acompanha em toda a sua existência, é a vida. Nada justifica atitudes irresponsáveis que a prejudiquem e eliminem. A morte deve ser um acontecimento natural da mesma forma que acontece no fato do nascimento de uma nova pessoa. Portanto, cada indivíduo tem, por direito originário, ser respeitado desde que veio à luz até a morte natural.
Em tempo de pandemia do coronavirus, muitas vidas estão sendo eliminadas, exigindo do poder público e de toda população atitudes que estaquem o avanço e a contaminação de mais pessoas. Deixar de praticar o que exige os entendidos da medicina é contribuir para que mais vidas sejam ceifadas. Aquilo que é entendido como o maior dom de Deus deixa de ser valorizado na sua dignidade.
Além de tudo isso, estamos diante da questão do aborto, objeto de discussões nos diversos cenários da Nação. O Supremo Tribunal Federal está por votar, em forma virtual, a lei do aborto no caso de famílias que foram afetadas pelo Zika vírus. O povo brasileiro no geral, não é a favor do aborto, porque sabe que é uma prática que viola a dignidade da pessoa, porque todos têm direito de nascer.
A Igreja Católica sempre ensinou e defendeu a necessidade de respeito à vida humana, desde o nascimento até a morte natural. Portanto, conforme as manifestações da CNBB, (a Igreja) é contra o aborto em qualquer situação. A vida é um direito inalienável e está acima de qualquer decisão e julgamento de autoridades constituídas. Médicos não podem ser pressionados a agir contra a consciência.
A grande mídia tem nas suas entrelinhas, uma conceituação abortista. Essa ideia vai criando um clima que fere a tradição das famílias brasileiras, introjetando uma falsa conceituação da dignidade de cada pessoa humana. Com isto, os princípios ancorados na Palavra de Deus e sempre defendidos pela sã tradição da cultura e da Igreja acabam caindo num vazio existencial e sem valor real.
A Suprema Corte brasileira, dentro dos princípios próprios de responsabilidade, de consciência moral e jurídica, deve respeitar a inviolabilidade da vida humana e encerrar essa preocupante questão relacionada ao aborto. Já preocupa tanto a avalanche de práticas que ocasionam tanta morte provocada no país. Essa seria mais uma com respaldo jurídico como instrumentalização da lei divina sobre a vida.