Dom Adimir Antonio Mazali
Bispo de Erexim (RS)
Minha saudação a todos os que acompanham a Voz da Diocese e conosco celebram o 5º Domingo do Tempo Comum, chamados a “lançar as redes para águas mais profundas” e experimentar a bondade do Senhor manifestada na vida da comunidade.
A liturgia nos fala de aspectos vocacionais. A primeira leitura apresenta a vocação de Isaías. Embora ele se sinta impuro e indigno de experimentar numa visão a presença Senhor, ele faz a experiência de sua bondade sendo questionado quanto a sua vocação, pois o Senhor lhe diz: “Quem enviarei? Quem irá por nós?” E Isaías responde: “Aqui estou! Envia-me” (Is 6,8). Esta resposta de Isaías indica que todos nós, sem medo, precisamos nos colocar sempre à disposição para assumir o projeto que o Senhor tem para nós e o manifesta em qualquer momento.
Da mesma forma, o Evangelho remete ao aspecto vocacional na relação de Jesus e os discípulos que acolheram sua proposta reconhecendo-O como senhor de suas vidas. Aceitaram viver o seguimento a Ele como pescadores de homens. Para isso, Jesus compartilha do mesmo barco dos discípulos e os leva a lançar as redes para águas mais profundas. Embora os discípulos tivessem pescado a noite inteira e já estarem cansados, não negaram o pedido de Jesus e Pedro se manifesta: “Mestre, pescamos a noite inteira e nada pescamos, mas em atenção à tua palavra, lançarei as redes” (Lc 5, 5). Com isso, Jesus chama não apenas a lançar as redes para a pesca de peixes, mas também as redes da palavra que cativa, que transforma e desperta a adesão de homens e mulheres ao seu projeto de amor, em realidades mais desafiadoras.
Por isso, não tenhamos medo de acolher e responder ao chamado do Senhor e ao mesmo tempo, ser enviados ao inesperado, pois para Jesus, seu chamado tem um rumo certo.
Caros irmãos e irmãs! Outro aspecto de nossa reflexão de hoje se direciona no seguinte: Observando que estamos em tempos de pandemia da Covid-19, vemos que muitos fiéis encontram dificuldades de reunirem-se presencialmente nas comunidades, mas seguindo os cuidados sanitários necessários, podemos retomar a participação na vida de nossas comunidades. Vemos que há uma acomodação por parte das pessoas que se justificam, dizendo que por causa da pandemia, não vão à Igreja. No entanto, continuam indo a outros lugares. Por isso, lembramos que a vida cristã alimentada pela Palavra e pela Eucaristia, torna-se uma fonte de bênção para todos, um instrumento de transformação social e resposta ao amor de Deus por toda a humanidade. Desta forma, recordamos o que nos diz a Exortação de São João Paulo II, “Dies Domini” sobre o valor do Domingo e retomamos a reflexão sobre esta temática:
“O Dia do Senhor — como foi definido o domingo, desde os tempos apostólicos, mereceu sempre, na história da Igreja, uma consideração privilegiada devido à sua estreita conexão com o próprio núcleo do mistério cristão. […] É a Páscoa da semana, na qual se celebra a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte, o cumprimento n’Ele da primeira criação e o início da « nova criação » (cf. 2 Cor 5,17). […] Ao domingo, portanto, aplica-se, com muito acerto, a exclamação do Salmista: « Este é o dia que Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria » (118 [117], 24). […] É convite a reviver, de algum modo, a experiência dos dois discípulos de Emaús, que sentiram « o coração arder no peito », quando o Ressuscitado caminhava com eles, explicando as Escrituras e revelando-Se ao « partir do pão » (cf. Lc 24,32.35). É o eco da alegria, ao princípio hesitante e depois incontida, que os Apóstolos experimentaram na tarde daquele mesmo dia, quando foram visitados por Jesus ressuscitado e receberam o dom da sua paz e do seu Espírito” (cf. Jo 20,19.23). (1)
“Com efeito, o dever de santificar o domingo, sobretudo com a participação na Eucaristia e com um repouso permeado de alegria cristã e de fraternidade […]. Verdadeiramente, grande é a riqueza espiritual e pastoral do domingo, tal como a tradição no-la confiou. Vista na totalidade dos seus significados e implicações, constitui, de algum modo, uma síntese da vida cristã e uma condição necessária para bem viver. Compreende-se, assim, por que razão a Igreja tenha particularmente a peito a observância do Dia do Senhor, permanecendo ela uma verdadeira e própria obrigação no âmbito da disciplina eclesial. […] É de importância verdadeiramente capital que cada fiel se convença de que não pode viver a sua fé, na plena participação da vida da comunidade cristã, sem tomar parte regularmente na assembleia eucarística dominical. […] A graça, que dimana dessa fonte, renova os homens, a vida, a história. (81) […] E os seus discípulos, renovando-se constantemente no memorial semanal da Páscoa, tornem-se anunciadores cada vez mais credíveis do Evangelho que salva e construtores ativos da civilização do amor”. (87)
Prezados irmãos e irmãs. Peçamos ao Espírito Santo que nos ajude a viver com alegria nossa vocação e retomar com entusiasmo nossa participação na Igreja valorizando o domingo como “Dia do Senhor”.
Que Deus abençoe a todos!