Dom José Gislon
Bispo de Erexim
Estimados Diocesanos! A Exortação Apostólica Pós-Sinodal Verbum Domini do Santo Padre Bento XVI, nos fala da importância da Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja. Neste momento particular da nossa história, creio ser oportuno lembrar que “A Palavra de Deus torna-nos atentos à história e a tudo o que de novo germina nela”, podendo ser sinal de vida ou de morte. É na hora do sofrimento que surgem mais agudas no coração do ser humano as questões últimas sobre o sentido da própria vida. E percorrendo um processo de busca interior, pode deparar-se com a sensibilidade, o amor e a caridade adormecidos no seu coração.
Se a palavra do homem e da mulher parece emudecer diante do mistério do mal e da dor e a nossa sociedade parece dar valor à vida apenas se corresponde a certos níveis de eficiência e bem-estar, a Palavra de Deus revela-nos que mesmo estas circunstâncias são misteriosamente “abraçadas” pela ternura divina. A fé que nasce do encontro com a Palavra divina ajuda-nos a considerar a vida humana digna de ser vivida plenamente, mesmo quando está debilitada e ameaçada pelo mal.
Como Igreja comunidade de fé, comprometida com o anúncio do Evangelho, não podemos prescindir de cuidar dos doentes, pobres e necessitados, não só de pão, mas também de palavras de vida. Ao longo de toda a sua história, principalmente nos momentos mais difíceis, o Espírito Santo, soube dar vida à Palavra de Deus no coração de homens e mulheres que ajudaram a escrever um novo capítulo na história da Igreja e da humanidade.
A diaconia da caridade, presente na vida da Igreja desde as primeiras comunidades cristãs, não deve faltar nas nossas Igrejas. É parte da missão caritativa, procurar com amor e solicitude distribuir o pão material, mas também o pão da Palavra de Deus aos necessitados. Como Igreja comunidade de fé, devemos estar cientes de que existe uma pobreza que é virtude a cultivar e a abraçar livremente, como fez São Francisco de Assis e muitos outros Santos, e há a miséria, muitas vezes resultante de injustiças e provocada pelo egoísmo, que produz indigência e fome e alimenta os conflitos.
Quando a Igreja, na sua missão, anuncia a Palavra de Deus sabe que é preciso favorecer um “círculo virtuoso” entre a pobreza “que se deve escolher” e a pobreza “que se deve combater”, para resgatar a dignidade de vida das pessoas que nela se encontram. Os valores evangélicos são universais e não podem prescindir da solidariedade e da justiça que defendem a vida e a sua dignidade.