Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Estamos no Ano do laicato e no tempo da Campanha para a Evangelização. Eles têm como lema o chamado para sermos sal da terra e luz do mundo. E é esse o apelo da Palavra de Deus neste segundo domingo do Advento. Somos chamados a preparar o caminho do Senhor para que encontrando-O sejamos consolados pela libertação que nos traz durante este tempo qeu nos para nos converter. Os textos são claros nesse sentido e nos colocam a caminho de estar com Aquele que virá, veio e vem: Jesus Cristo Salvador.
Como no passado, ainda hoje precisamos de um Salvador; como Israel que esperou, nós, Igreja de Cristo, suplicamos: Vem, Senhor! Manifesta o teu poder de salvação! É este o horizonte para contemplarmos a Palavra de Deus deste II Domingo do Advento. No Missal romano, as palavras de entrada da Missa, tiradas do Profeta Isaías, já nos são de tanto consolo: “Povo de Sião, o Senhor vem para salvar as nações! E, na alegria do vosso coração, soará majestosa a sua voz! ” (Is 30,19.30). Sim! O Senhor vem! Aquele que nunca nos deixou e vem sempre nas pequenas coisas e ocasiões da vida, ele mesmo virá, um Dia, no fulgor da sua glória: ele, nossa justiça, ele, nossa esperança, ele, nosso Salvador.
A Primeira leitura, Isaías 40,1-5.9-11 – apresenta a mensagem de Deus para o seu povo é de consolo, porque chegou o tempo de redenção. Seu convite é que aceitem a salvação que Deus oferece. O profeta faz esse convite através de um anúncio de esperança. O profeta garante a fidelidade de Deus e a vontade divina de conduzir o povo para a liberdade e a paz. A voz proclama que Deus vem para levar seu povo da escravidão para a liberdade, da Babilônia para Jerusalém, ao longo de um percurso através do deserto. Deus será como um pastor à frente do rebanho, irá atravessar o deserto à frente de seu povo, que retorna do exílio babilônico para Jerusalém.
A segunda leitura 2Pd 3,8-14 – nos coloca na realidade da espera do Senhor que virá e virá em breve. A leitura nos adverte de que não podemos ignorar que o Senhor é eterno e de que não existe o aparente atraso da segunda vinda de Cristo. A expressão “um dia é como mil anos e mil anos é como um dia” (v. 8) é tirada do Sl 90,4 e não se refere a um milênio como período histórico, mas simplesmente ao fato de que o tempo não afeta o Senhor, porque ele é eterno.
O Evangelho Mc 1,1-8, – ressalta que é neste tempo litúrgico que a Igreja propõe à nossa meditação a figura de João, o Batista. Este é aquele de quem falou o profeta Isaías dizendo: “Voz do que clama no deserto; preparai os caminhos do Senhor, endireitai suas veredas”. A missão de João Batista foi a de ir à frente do Senhor para preparar os seus caminhos. Esta seria sua vocação: preparar para Jesus um povo capaz de receber o Reino de Deus e, por outro lado, dar testemunho público dEle. Não se dedicará a essa missão por gosto pessoal, mas por ter sido concebido para isso! E irá realizá-la até o fim, até dar a vida no cumprimento da sua vocação.
A vocação abarca a vida inteira e leva a fazer girar tudo em torno da missão divina. Cada homem, no seu lugar e dentro das suas próprias circunstâncias, tem uma vocação dada por Deus; de que ela se cumpra dependem muitas outras coisas queridas pela vontade divina. Preparai os caminhos do Senhor, endireitai as suas veredas… O Batista é a voz que anuncia Jesus. Essa é a sua missão, a sua vida, a sua personalidade. Todo seu ser está definido em função de Jesus, como teria que acontecer na nossa vida, na vida de qualquer Cristão. O importante de nossa vida é Jesus.
O Precursor indica-nos também a nós o caminho que devemos seguir: o importante é que Cristo seja anunciado, conhecido e amado. “Não sou digno de desamarrar suas sandálias”! Só Ele tem palavras de vida eterna, só nEle se encontra a salvação. A atitude de João é uma clara e enérgica advertência contra o desordenado amor próprio que sempre nos incita a colocar-nos indevidamente em primeiro plano. Eis o nosso Deus!
Ele vem para nos salvar!