Ver o Senhor nos chagados de hoje!

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo  de Campos (RJ)

O segundo Domingo da Páscoa tem uma densa proposta litúrgica, recebendo vários títulos que se harmonizam na pessoa do Ressuscitado presente na comunidade: Páscoa Anotina (dos que renasceram pelo batismo), Domingo da Oitava da Páscoa, Domingo de São Tomé e finalmente por iniciativa de São João Paulo II, Domingo da Misericórdia.

Neste dia, os que tinham se tornado cristãos no sábado de Aleluia, depunham suas vestes brancas batismais, depois de ter sido feita uma procissão luminosa pela cidade, lembrando sua condição de fotismós, filhos da Luz. Encerramos a Oitava da Páscoa que é considerado, inteiramente, como continuação do grandioso Dia que o Senhor fez para nós, em que celebramos, com Jesus, o Cordeiro Vitorioso, a nossa condição de corressuscitados e a vida nova que temos pelo mergulho batismal.

Destaca-se a pessoa do apóstolo Tomé, que não estava com seus irmãos no Domingo da Páscoa e que não acreditara no testemunho que lhe foi passado do encontro com o Ressuscitado. Seu ceticismo e a petição de provas materiais da ressurreição (colocar seus dedos nas chagas abertas do Cristo ressurrecto) oportuniza para nós, que somos felizes por acreditarmos sem termos visto, um cenário de realismo e de racionalidade que descreve a experiência, do contato com a ressurreição de Jesus, do grupo apostólico.

É importante frisar, a comunidade, como lugar de encontro com o Ressuscitado e do despertar da fé pascal. A comunidade nos ensina o novo olhar para percebermos a presença do Cristo vivo entre nós na unidade fraterna, na palavra, na Eucaristia e nos sacramentos de iniciação à vida cristã.

Fora da comunidade, somos facilmente tentados para uma Religião de confortos e compensações e de um individualismo descompromissado, indiferente a dor e ao sofrimento do próximo. Permanece o desafio neste Domingo da Misericórdia de encontrar o Ressuscitado, nos dias de hoje, no corpo chagado e mutilado dos pobres e sofredores, das numerosas vítimas da violência em nossas cidades.

Que possamos chegar a uma fé cada vez mais viva, explícita e operosa, professando firmes como Tomé: “Meu Senhor e Meu Deus!”, para segui-lo e testemunhá-lo com amor e fidelidade. Deus seja louvado!

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