A Bíblia nos apresenta, desde o início, a figura soberana e amável de Deus. É Ele quem cria o universo. Cria o homem e a mulher e lhes confia o cuidado pelo seu desenvolvimento. Reúne em Abraão o povo eleito. Posteriormente, liberta-o da escravidão no Egito e o conduz, à Terra Prometida, pela ação de Moisés. Por meio dele, revela-lhe sua Lei: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
E quando o povo se torna infiel e se afasta de seus mandamentos, Deus não o abandona. Adverte-o e sempre busca reconduzi-lo a si, enviando profetas e pessoas com sabedoria. Governa-o através de líderes e de reis, cuja expressão maior é David, que, apesar de suas falhas e infidelidades, – das quais se arrepende! – se torna o símbolo e a esperança do povo. Foi-lhe prometido um sucessor, um filho, que haveria de conduzir o povo à salvação definitiva. Este Filho é Jesus que nasceu em Belém, a cidade de David, gerado pelo Espírito Santo no seio de Maria, esposa de José, da descendência de David.
Santo Agostinho, meditando sobre este grande mistério diz: “Deus não poderia conceder dom maior aos homens do que dar-lhes como cabeça sua Palavra, pela qual criou todas as coisas, e a ela uni-los como membros, para que o Filho de Deus fosse também filho do homem, um só Deus com o Pai, um só homem com os homens”.
É impressionante o mistério da vida de Jesus! Ele se revela como o Filho do Pai que está nos Céus. Vive em íntima comunhão com Ele. Passa noites em oração ao Pai. Escolhe discípulos que deixam tudo para Segui-lo. Ele lhes revela seu Ser Divino.
Na Transfiguração, Jesus sobe a um lugar à parte sobre uma alta montanha com Pedro, Tiago e João. “E ali foi transfigurado diante deles. Seu rosto resplandeceu como o sol e suas vestes se tornaram alvas como a luz. E eis que apareceram Moisés e Elias conversando com ele. Então Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: “Senhor, é bom estarmos aqui. Se quiseres, levantarei aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias. Ainda falava, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra e uma voz, que saía da nuvem, disse: “Este é meu Filho amado, em quem me comprazo, ouvi-o”. Os discípulos, ouvindo a voz, muito assustados caíram com o rosto no chão. Jesus chegou perto deles e, tocando-os, disse: “Levantai-vos e não tenhais medo”. Erguendo os olhos, não viram ninguém: Jesus estava sozinho” (Mt 17, 1-8).
Neste episódio os discípulos puderam ouvir a voz do Pai falando que escutassem Jesus. Impressiona também que na conversa com Moisés e Elias, Jesus estava falando de sua morte e ressurreição. E Jesus não fazia segredo disso. “Estando eles reunidos na Galiléia, Jesus lhes disse: “O Filho do Homem será entregue às mãos dos homens e eles o MATARÃO, mas no terceiro dia RESSUSCITARÁ”. E eles ficaram muito tristes (Mt 17, 22).
Meditamos durante a Quaresma e a Semana Santa sobre os últimos acontecimentos da vida de Jesus: a entrada em Jerusalém, a instituição da Eucaristia, a agonia no Jardim das Oliveiras, a prisão, a condenação à morte, sua viagem ao Calvário, a crucifixão, e finalmente sua morte: “Tornando-se semelhante aos homens e sendo visto como homem, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte” (Fl, 2,7-8).
Sua morte trouxe desolação e abatimento aos Discípulos e às mulheres que o acompanhavam, inclusive à sua Mãe. Nada restava a fazer, neste momento – véspera do Sábado – senão sepultar Jesus com todo carinho e veneração: “José, um homem rico de Arimatéia, dirigindo-se a Pilatos, pediu-lhe o corpo de Jesus. José, tomando o corpo, envolveu-o num lençol limpo, e o pôs em seu túmulo novo, que talhara na rocha. Em seguida rolando uma grande pedra para a entrada do túmulo, retirou-se” (MT 27, 57-60).
Tudo parecia ter terminado ali. Os discípulos se recolheram com medo, para se protegerem. E todos passaram o sábado na tristeza. “Depois do sábado, ao amanhecer do primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro. De repente, houve um grande tremor de terra: o anjo do Senhor desceu do céu e, aproximando-se, retirou a pedra e sentou-se nela: “Não tenhais medo! Sei que procurais Jesus, que foi crucificado. Ele na está aqui! Ressuscitou como havia dito! Vinde ver o lugar em que ele estava. Ide depressa contar aos discípulos que ele ressuscitou dos mortos. As mulheres partiram depressa do sepulcro… De repente, Jesus foi ao encontro delas e disse: “Alegrai-vos! As mulheres aproximaram-se, e prostraram-se diante de Jesus, abraçando seus pés. Então Jesus disse a elas: Não tenhais medo. Ide anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galiléia. Lá eles me verão” (Mt, 28, 1-10).
Feliz Páscoa!
Celebremos com alegria e cantemos: “Vi Cristo Ressuscitado, o túmulo abandonado. os anjos da cor do sol, dobrado ao chão o lençol… Ressuscitou de verdade: ó Cristo Rei, piedade!”