No dia da Apresentação de Nossa Senhora, neste ano na véspera da Solenidade de Cristo Rei, comemoramos o Dia “das Religiosas de Clausura”. É uma boa oportunidade para abrirmos nossas mentes e valorizar essa bela vocação na Igreja e descobrir sua importância no mundo.
Nossa Arquidiocese tem a graça de contar com comunidades de Monjas Contemplativas ou de Clausura de espiritualidade carmelitana e franciscana, como as carmelitas, concepcionistas e clarissas, além de outros grupos femininos e masculinos, entre os quais os beneditinos, e outras formas e espiritualidade orantes antigas e novas, masculinas e femininas, porém, nem todas de “clausura”, como são chamadas essas irmãs, cujo dia comemoramos hoje.
Todos os cristãos têm a vocação de viver a vida na oração e no trabalho, ou seja, na missão e na vida de oração. Assim, também a Igreja necessita da vocação missionária radical e daquelas e daqueles vocacionados para a intercessão orante e penitente. Em todos nós devem estar a ação e a contemplação, a oração e o trabalho, porém, como Igreja, agradecemos a Deus a existência de pessoas que fazem de suas vidas a ação pela oração e penitência constante. É o mistério da vocação “de clausura”, chamado de Deus, que leva a pessoa a uma doação tal que a faz feliz em sua missão e disponível para o serviço do Reino.
As nossas irmãs que vivem na clausura, como nos recorda o Papa Bento XVI, são uma “autêntica central de energia espiritual que se alimenta da fonte da contemplação, sob o exemplo da oração à qual Jesus se dedicava na solidão”, e exatamente por esse motivo estão em grau de olhar a si mesmas, aos outros, à história dos homens e das mulheres com os olhos misericordiosos de Cristo. “Não abdica ao seu modo de ver, mas aprende a ver verdadeiramente passando de uma perspectiva subjetiva – o seu estar diante de Cristo por todos – a uma perspectiva de conjunto, tentando ver o que vê Cristo, porque amar é olhar na mesma direção, é morar no mesmo olhar (Edith Stein). Isso significa entrar nas coordenadas de Cristo, habitar nas suas vísceras de ternura, estar na mesma lágrima, aprender a ver no espírito das bem-aventuranças, contemplar a realidade suspensa entre o céu e a terra, tornando a ver, como o bom samaritano, quem para muitos é simplesmente invisível.
Lembra-nos a Intrução Verbo sponsa, nº 6 “pela sua específica chamada à união com Deus na contemplação, as monjas de clausura encontram-se plenamente na comunhão da Igreja, tornando-se um sinal singular da união íntima com Deus de toda a comunidade cristã. Através da oração, particularmente pela celebração da liturgia, e da sua imolação quotidiana, elas intercedem por todo o povo de Deus e unem-se à ação de graças que Jesus Cristo eleva ao Pai (cf. 2 Cor 1,20; Ef 5,19-20)”.
Neste dia, memória da Apresentação de Nossa Senhora, a Igreja pede, há cinquenta anos, que dediquemos a nossa oração àquelas que sempre estão a rezar por todos nós, e que concretizemos a nossa oração fazendo também uma generosa oferta aos nossos Mosteiros.
Como disse ainda Bento XVI: “Em virtude da primazia absoluta reservada a Cristo, os mosteiros estão chamados a ser lugar nos quais se realize a celebração da glória de Deus, se adore e se cante a presença divina no mundo, misteriosa, porém real; trata-se de viver o mandamento novo do amor e do serviço recíproco, preparando assim ‘a revelação final dos filhos de Deus’ ” (cf. Rm 8, 19).
Disse ainda o Papa: “Possam os mosteiros ser sempre cada vez mais oásis de vida ascética, onde se percebe o fascínio da união esponsal com Cristo e onde a opção pelo Absoluto de Deus se encontra envolvida por um clima constante de oração e de contemplação”.
Por todas essas razões, em mais esta Jornada “Pro Orantibus”, unamo-nos ao reconhecimento grato de toda a nossa Arquidiocese a essas irmãs que, como oferenda perfeita, buscam ser quotidianamente agradáveis ao Senhor.