Uma pergunta constante para mim quando de minha nomeação e depois início do ministério no Rio de Janeiro foi sobre o que a Igreja poderia fazer com relação à situação de violência e insegurança que atualmente, segundo a maioria da mídia, ocorre na cidade maravilhosa.

Confesso que vendo, ouvindo e lendo as notícias acaba-se convencido de que realmente é uma grande dificuldade a ser vencida e não é apenas uma questão de maior acento dos noticiários.

É verdade, porém, que a beleza da vida da maioria dos cidadãos desta cidade nem sempre aparece nos noticiários e não consegue sobrepujar o clima reinante.

Penso que a Campanha da Fraternidade que acabamos de celebrar durante a Quaresma deste ano nos traz muitos caminhos e direções para que possamos encontrar luzes para uma modificação da situação atual.

A minha proposta é que nos debrucemos um pouco mais sobre o tema da CF, convocando os diversos segmentos que constituem o nosso tecido social, inclusive os que representam o povo em geral, para um compromisso de passos que deveríamos dar para chegarmos a uma sociedade mais justa e solidária.

Realmente, o clamor das ruas e das casas, o pranto das famílias e a insegurança dos transeuntes não nos deixa cruzar os braços, imaginando que tudo se resolverá por si só. São necessárias ações a curto, médio e longo prazo para encontramos caminhos.

Chegamos a um tipo de vida em nossa sociedade que levou a isto, seja pela história, seja pela mudança de cultura que acarreta uma verdadeira mudança de época. Será que estamos dispostos a viver de maneira diferente e procurar colocar em prática alguns valores importantes para a vida humana?

A mudança desejada e sonhada por todos com uma sociedade fraterna e solidária, onde possamos caminhar livremente pelas ruas sem medo do outro ser humano, não ocorrerá como se fosse um passe de mágica como quereríamos e gostaríamos. Supõe atitudes diversas e também mudança de comportamentos.

Somos individualistas, gananciosos, queremos levar vantagem em tudo: criticamos quem faz isso, mas fazemos o mesmo em nosso âmbito. As coisas não são tão simples assim de resolver.

Além do aspecto social que a Igreja pode tentar ajudar existe a evangelização que, porém, é uma proposta para quem aceita a vida nova em Cristo e passa a viver como pessoa nova nessa sociedade. Este trabalho de evangelização faz parte da essência da Igreja e continuaremos fazendo-o, ainda mais agora que a 47ª Assembléia da CNBB, em Itaici, nos incentivou a procurar trabalhar ainda mais na iniciação à vida cristã, na missão continental e no aprofundamento da catequese como caminho para o discipulado.

Os nossos trabalhos de evangelização, além de visar a ajudar o cristão a viver melhor e mais consciente a sua fé, é também uma grande oportunidade de, como fermento no meio da sociedade, ajudar na transformação social.

Eis alguns tópicos para irmos examinando e discutindo aos poucos nessa nossa caminhada à procura de soluções para a nossa vida de cada dia.

Com uma bênção especial.

Dom Orani João Tempesta

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