Dom José Gislon
Bispo Diocesano de Caxias do Sul
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! A vida é uma peregrinação, na qual passamos por muitos caminhos e temos a liberdade de fazer escolhas. Nessa peregrinação nos deparamos com muitas realidades que tocam a nossa vida e, às vezes, nos ferem no corpo e na alma. Os cristãos são motivados a fazerem essa peregrinação da vida com alegria, porque Jesus veio aliviar as nossas misérias e nos fazer filhos de Deus.
Para que a alegria do Natal que iremos celebrar não seja efêmera, a nossa preparação deve acontecer no deserto, não naquele geográfico, mas no nosso coração, onde existem as misérias que nos ferem e podem ferir também a vida dos nossos irmãos e irmãs. Podemos sonhar e imaginar o deserto como um lugar distante, mas o deserto onde a vida e a sua dignidade podem ser colocadas à prova está perto de nós, nas realidades que, muitas vezes, fazemos de conta que não existem.
Apesar disso, com a nossa participação o deserto pode florir, dando nova vida para nós mesmos e para àqueles que vivem no abandono ou à margem da sociedade. Neste 3º Domingo do Advento, ressoam palavras de esperança, através da Palavra de Deus, que nos motivam a continuar a nossa peregrinação como Povo de Deus a caminho da casa do Pai: Coragem! Não temais! A renovação virá de Deus e acontecerá também na nossa vida, se nos deixarmos transformar por Ele. A palavra de Deus tem o poder de curar e mudar o coração do homem para mudar o mundo, para fazer florescer o deserto.
Jesus veio nos trazer a salvação. Da culpa, nos levou à amizade com Deus; da morte, nos garantiu a ressurreição; do desespero de uma vida sem sentido, nos mostrou que ela é um dom de Deus e que devemos vivê-la para nós e para os irmãos mais necessitados; aos pobres anunciou serem eles os prediletos de Deus. Com Jesus começou um mundo novo: aquilo que para o homem era impossível pode ser feito por Deus. Ao redor de Jesus começa a surgir uma comunidade de homens e mulheres novos, capazes de crer, esperar e amar: esses encontram um renovado vigor para viver a vida, dom de Deus.
Nós somos os continuadores daquela comunidade nova, que começou a nascer ao redor de Jesus. Por isso, é importante que o amor e a fé, alimentem a nossa esperança. Que as nossas comunidades possam nutrir-se da escuta da Palavra de Deus, da oração, da caridade e da solidariedade entre seus membros e entre as comunidades. Quando rezamos: “Venha o teu reino”, invocamos uma palavra de esperança, maior que todos os nossos desesperos; reconhecemos uma presença vital, que fecunda a esterilidade da história. Nasce, desta forma, um empenho para trabalhar com cada pessoa de boa vontade na mudança da realidade em que vivemos, para que todos tenham dignidade de vida.