Dom Caetano Ferrari
Diocese de Bauru
Neste mês vocacional, hoje é dia dedicado aos pais. Somos convidados a contemplar a vocação à vida em família à luz da mensagem cristã. Ultimamente a Igreja vem chamando a nossa atenção para a importância da família. Recentemente, o Santo Padre o Papa Francisco publicou a Exortação Apostólica pós-Sinodal “Amoris Laetitia” (A Alegria do Amor) sobre o amor na família. Na introdução o próprio Papa afirma que “Esta Exortação adquire um significado especial no contexto do Ano Jubilar da Misericórdia, em primeiro lugar, porque a vejo como uma proposta para as famílias cristãs, que as estimule a apreciar os dons do matrimônio e da família e a manter um amor forte e cheio de valores como a generosidade, o compromisso, a fidelidade e a paciência; em segundo lugar, porque se propõe a encorajar todos a serem sinais de misericórdia e proximidade para a vida familiar, onde esta não se realize perfeitamente ou não se desenrole em paz e alegria” (n.5). O Papa augura que cada pessoa, “através da leitura desta Exortação, sinta-se chamado a cuidar com amor da vida das famílias, porque elas ‘não são um problema, são sobretudo uma oportunidade” (n.7). Diz ainda o Papa que “Apesar dos numerosos sinais de crise no matrimônio o desejo de família permanece vivo nas jovens gerações. Como resposta a este anseio, ‘o anúncio cristão que diz respeito à família é deveras uma boa notícia’” (n.1). Em todos os tempos, a família, comunidade de vida e amor como a definiu o Concílio vbaticano II (cf. Gaudium et Spes, 45), é tesouro e patrimônio da humanidade. É desde modo que a Igreja, desde sempre, nos ensina. Cuidar da família, defendê-la, evangelizá-la é tarefa primordial da Igreja contra os ataques que a instituição família vem sofrendo pela cultura secularista e sem Deus que a afeta negativamente.
O Diretório Pastoral Familiar da CNBB – 79 esclarece que homem e mulher são chamados a viver a comunhão de amor à imagem de Deus-Trindade impressa no ser humano desde a sua criação, porque à imagem e semelhança de Deus foi criado. Aqui está a razão fundamental de sua dignidade. Este Diretório pontua ainda que o matrimônio, desde a criação do homem e da mulher, é projeto de Deus, obra predileta nesse seu projeto de amor. Não é criação humana, nem do Estado, nem da Igreja. Está constitutivamente ligado à essência do homem e da mulher, para o bem pessoal e da comunidade. Acentua também que as duas finalidades do matrimônio previstas na Bíblia são: de um lado, a realização plena de cada um, homem e mulher, tanto na sua dimensão corpóreo-sexual quanto na sua realidade afetiva e espiritual; e, de outro, a geração e educação dos filhos (cf. ns. 45-71). Quanto à tarefa formativa dos filhos, o Diretório ressalta que o pai e a mãe devem assumir o compromisso mútuo e complementar, numa pedagogia que junta a firmeza e disciplina do homem e a ternura e amabilidade da mulher. Por isso, “O pai não pode descuidar seus deveres de educador com a desculpa de que sua função é trabalhar para sustentar a casa ou de que tarefa da educação dos filhos é responsabilidade da mãe ou de algum parente” (n.128).
Pois bem, Nesta data tem início a Semana Nacional da Família, uma promoção da Igreja no Brasil impulsionada pela CNBB. Na nossa Diocese, começa também a Semana Diocesana da Família. O Setor Família da Diocese, movimentando especialmente a Pastoral Familiar, a Pastoral Vocacional, o Setor Juventude, o ECC, as Equipes de Nossa Senhora e demais movimentos em prol da família, engaja-se com nossas Paróquias e Comunidades para apoiar e promover ações, sobretudo de oração, reflexão e serviço de caridade às famílias em geral e em particular às famílias “feridas” carentes de misericórdia. O tema desta Semana Diocesana da Família é: “A família é nosso lar e a natureza é a nossa casa comum”. O lema é: “Fazei tudo o que Ele vos mandar” (Jo 2, 5). No próximo domingo, haverá pelas ruas da cidade a grande Caminhada da Família, um evento tradicional em Bauru. Venha participar com toda a sua família.
Na santa Missa deste domingo São Mateus narra que Jesus andou sobre as águas, indo ao encontro dos apóstolos, porque a barca em que atravessam o lago ameaçava soçobrar por causa do vento forte que agitava as ondas – Mt 14,22-33. Mateus destaca em Pedro a fraqueza de sua fé. Obedecendo a uma ordem de Jesus, Pedro começou a andar sobre a água, porém, demonstrando medo pela força do vento, começou a afundar e, então, gritou a Jesus: “Senhor, salva-me!” Jesus segurando-lhe a mão, puxou-o para fora da água e lhe disse: “Homem fraco na fé, por que duvidaste?” Depois que subiram no barco, o vento se acalmou. E todos se prostraram diante de Jesus e lhe disseram: “Verdadeiramente, Tu és o Filho de Deus!” Diante das dificuldades e provações da vida, segure firme na mão de Jesus que o encorajará com estas palavras: “Coragem. Sou Eu. Não tenhais medo!”
Ó Deus, nosso Pai, abençoai os que são pais e as nossas famílias. Concedei a todos nós um coração de filhos para que possamos viver e rezar com fé a oração que Jesus nos ensinou: “Pai nosso…”