Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

 

O mês de agosto é tradicionalmente o mês vocacional, dedicado à oração, reflexão e ação sobre este tema importantíssimo. E como as vocações mais sublimes vêm das famílias, rezemos pela santificação delas, para serem sementeiras de excelentes vocações.

Vocação vem do latim “vocare”, chamar. É um chamado de Deus para uma vida a ele consagrada. A vocação sacerdotal é um chamado de Deus para a vida no sacerdócio, cujo carisma especial é a dedicação ao ministério do culto divino e da salvação das almas. Jesus mesmo nos mandou rezar pelas vocações: “Ao ver as multidões, Jesus encheu-se de compaixão por elas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então disse aos discípulos: ‘A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois ao Senhor da messe que envie trabalhadores para sua colheita!” (Mt 9, 36-37).

Na Missa com os Bispos, Sacerdotes, religiosos e seminaristas na Catedral do Rio, durante a JMJ, o Papa Francisco nos falou sobre a necessidade de ter sempre presente a nossa vocação: “Creio que é importante reavivar sempre em nós este fato, para o qual amiúde fazemos vistas grossas entre tantos compromissos cotidianos: ‘Não fostes vós que me escolhestes; fui eu que vos escolhi’, diz Jesus (Jo 15,16). É um caminhar de novo até a fonte de nosso chamado. Por isso um bispo, um sacerdote, um consagrado, uma consagrada, um seminarista, não pode ser um desmemoriado. Perde a referência essencial do início de seu caminho. Pedir a graça, pedir à Virgem Maria – ela tinha boa memória – a graça de termos na memória esse primeiro chamado. Fomos chamados por Deus e chamados para permanecer com Jesus (cf. Mc 3, 14), unidos a ele… É precisamente a ‘vida em Cristo’ que garante nossa eficácia apostólica e a fecundidade de nosso serviço… Não é a criatividade, por mais pastoral que seja, não são os encontros ou os planejamentos que garantem os frutos, embora ajudem e muito, mas o que garante o fruto é sermos fiéis a Jesus, que nos diz com insistência: ‘Permanecei em mim, como eu permaneço em vós’ (Jo 15,4)”.

Há muitas vocações especiais na Igreja. Na vida religiosa, temos o chamado à profissão dos conselhos evangélicos, na qual se segue mais de perto a Cristo, numa vida totalmente consagrada a Deus, à construção da Igreja e à salvação do mundo, a fim de se alcançar a perfeição da caridade, preanunciando assim a glória celeste.

O Concílio Vaticano II sublinhou uma verdade da Tradição da Igreja: a vocação universal à santidade: “O Senhor Jesus, mestre e modelo divino de toda a perfeição, pregou a todos e a cada um dos seus discípulos, de qualquer condição que fossem, a santidade de vida, de que ele próprio é autor e consumador… Todos os fiéis, seja qual for o seu estado ou classe, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade…, são convidados e obrigados a tender para a santidade e perfeição do próprio estado… ‘Os que se servem deste mundo, não se detenham nele, pois passa a figura deste mundo’ (1 Cor 7,31)” (Lumen Gentium, cap. V).

 

 

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