Para início de conversa
Tudo na vida tem o seu curso para chegar à maturidade e garantir a sua perpetuidade através das sementes produzidas e das gerações que dão continuidade à raça e tribos. É normal a Sociedade, as Instituições e os Organismos quererem repetir o que está implícito na própria natureza, pelo esforço em assegurar a sua expansão e continuidade. O “multiplicai-vos” aplica-se também a todos os setores da vida como sinal de dinamismo, de vida, de valor duradouro no tecido existencial de tantas pessoas e de expressões culturais.
Como é natural uma árvore produzir frutos, assim deveria ser normal, natural, os cristãos serem missionários, pois missionariedade é a expressão da maturidade da fé. A fé de um cristão está sujeita a morrer, quando não vai além das portas de sua casa. Neste sentido, o Papa João Paulo II mede a vitalidade ou a saúde de uma Igreja pelo termômetro da missionariedade, dizendo: “ uma Igreja fechada sobre si mesma, sem abertura missionária, é Igreja incompleta ou está doente. O “encolhimento” de muitas Igrejas deveria ser um sinal de alerta para encontrar remédios que assegurem a sua vitalidade.
É chegada a hora para muitas Igrejas no Brasil entrar no mesmo barco da Missão na Amazônia, pois, da interpelação provinda da Amazônia há décadas, a Igreja do Brasil responde como colegiado episcopal com programas bastante arrojados, para dar seqüência ao projeto Igrejas-Irmãs assumido por algumas Igrejas Particulares, já há anos.
Uma área que ocupa quase 50% do território nacional, considerado o pulmão do mundo pela presença da imponente floresta tropical, com o rio mais extenso e de maior volume de água potável do mundo, com fauna, flora e minérios, é ferida mortalmente pela ganância de muitos. A Amazônia, há décadas agoniza. A depredação, o desmatamento, a biopirataria, as queimadas, o narcotráfico, o inchaço nas periferias urbanas com a superpopulação, a invasão e o desrespeito pelas áreas indígenas são alguns desafios que clamam pela intervenção de homens e de mulheres conscientes.
Há décadas apela-se pela justiça na redistribuição de presença da Igreja como tal, diante da disparidade numérica entre o Norte e o Sudeste. Se não se opta pela desconcentração, por uma redistribuição equitativa, pelo menos é pedido um gesto de solidariedade entre as Igrejas. A densidade demográfica e populacional não é a mesma entre o Norte, Sul e Sudeste, mas o ritmo determinado pelo habitat do Norte, exige um reforço que amenize o sentimento de isolamento dos missionários.
O que a Comissão objetiva
O primeiro objetivo da Comissão é sensibilizar a todos para a questão da Amazônia. É fazer com que o Brasil todo volte o seu olhar para a Amazônia. Que amem este pedaço do Brasil, defendam o que lhes é próprio, saibam de suas riquezas e dos riscos que estão aí, diante da cobiça de muitos. Conheçam sobretudo as causas do empobrecimento do nosso povo e ajudem expulsar as forças do mal que deixam rastros em tantas situações desumanas que ferem o direito de cidadania de nossa gente.
O segundo objetivo é conseqüente do primeiro. Por onde passa a proposta da Igreja senão pela evangelização? A Comissão deseja favorecer o despertar e o aprofundar da consciência missionária, atendendo ao apelo provindo da Igreja que se encontra na Amazônia. “Dai-nos de vossa pobreza”, com projetos de solidariedade e programas afins, através da participação co-responsável e fraternas de todas as Dioceses.
A Evangelização da Amazônia, do ponto de vista sócio-transformador, visa a promoção integral da pessoa humana, o que implica a defesa da vida em todas as suas formas:
A VIDA HUMANA em perigo, diante da lógica de exploração e a violência, o que exige a defesa dos povos indígenas, dos seringueiros, das populações riberinhas;
A BIODIVERSIDADE ameaçada de extinção causada pelo desmatamento desenfreado, trazendo desequilíbrios ambientais e sociais e, a biopirataria de material genético e do extravio do conhecimento ancestral das populações nativas para as mãos dos laboratórios estrangeiros;
O grande patrimônio nacional da fauna, flora e da ÁGUA, fontes naturais de vida., o que exige a atenção à Ecologia para preservar o meio ambiente;
As metas previstas
Incentivar a realização do Projeto Igrejas-Irmãs entre as dioceses do Leste e Sul do País com as Igrejas da Amazônia, promovendo uma relação de entre-ajuda com o envio de recursos humanos, materiais e financeiros para atender as carências nos Seminários, nas Comunidades e Paróquias.
Colaborar na construção de uma Igreja toda ministerial e missionária, oferecendo suportes para a realização de cursos de formação de catequistas, agentes de pastorais, padres e consagrados.
Favorecer a sensibilização dos amazônidas para o dever de cuidar das vocações, através de um projeto de Curso de Capacitação para Animadores e Animadoras Vocacionais, garantindo o acompanhamento inicial e a sua continuidade.
Despertar a sensibilidade missionária nos Seminários através do processo formativo, implementando um projeto de estágio Pastoral dos Seminaristas e Teólogos na Amazônia.
Criar um Centro Nacional de Documentação da Amazônia, oportunizando a todos o conhecimento e obtenção de informações sobre Amazônia, para lutar e preservar o que é próprio.
Criar Universidade Católica na Amazônia e/ou “Centros de formação superior” que incentivem alguns campos do saber como teologia, filosofia e outras ciências humanas e sociais, dando um cunho ético a todo o processo de formação e pesquisa, contemplando a Antropologia, Cidadania e exclusão social, Espiritualidade e Ecologia.
Criar uma Instituição de coordenação da cooperação da Igreja no Brasil, dos Institutos Religiosos e de organismos de voluntariado existentes, a fim de promover e dar consistência à ação de voluntariado missionário na Amazônia.
Qual a sua forma de participação no projeto
A Comissão Episcopal para a Amazônia precisa de parceiros e parceiras para tornar realidade as metas, com projetos bem concretos. Isso significa que precisa de pessoas disponíveis que se enquadrem nos projetos, passando por uma imersão na cultura amazônica e formação prévia que assegure uma missão inculturada. Outras pessoas, que não disponibilizem de tempo para se dedicarem à Missão na Amazônia, poderão participar igualmente, de modo indireto, isto é, através da colaboração financeira, participação necessária e imprescindível para realizar qualquer ação, e muito mais para dar sustentação ao projeto, assegurando a sua continuidade.
Como fazer para participar do Projeto
Entrar em contato com a Secretaria da Comissão Episcopal para a Amazônia. Antes, porém, é oportuno o contato com o seu pároco e a sua Diocese, pois, todo o envio de missionários, ou de missionários leigos voluntários é feito pela própria comunidade que os envia.
Secretaria da Comissão Episcopal para a Amazônia
SE/Sul – Q 801 – Conj “B”
70401-900 – Brasília – DF
Telefone: (61) 2103-8349 Fax (61) 2103-8303
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