Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Já no fim de agosto, no dia 28, celebramos o dia nacional do voluntariado, uma das atividades que nos lembra da gratuidade e do dom que criam e geram sociedades mais integradas e pacíficas. O Brasil sempre acolheu o voluntariado, o empreendedorismo social, com criatividade, alegria e esperança em ajudar a humanidade a ser mais justa e fraterna.
As múltiplas e diversas formas de voluntariado testemunham que a energia e a força que mais motiva o ser humano a superar-se é, sem dúvida, a cooperação espontânea. Desde doar sangue, a fazer a coleta de lixo seletivo, ajudar os idosos nas compras, ou ser amigos das creches e das escolas, com toda ação inspirada no amor ao próximo, incondicional e generoso, tornamos possível o rosto das primeiras comunidades cristãs que eram um só coração e uma só alma, quando ninguém passava necessidade.
A pandemia, certamente surpreendeu-nos na sua letalidade e riscos, porém longe de esmorecer a caridade fraterna e a vontade de fazer alguma coisa pelos irmãos, oportunizou uma corrente do bem e da esperança que nos permitiu vislumbrar a saída e a travessia para uma sociedade mais humana, saudável e equitativa. Quando nos ocupamos em fazer felizes as pessoas que passam carências e necessidades prementes, deixamos de lado a arrogância e o egoísmo, que criam divisões mesquinhas e fúteis na sociedade.
O associativismo e a servicialidade enobrecem a espécie humana, curando a Terra, fazendo-nos evoluir a relacionamentos mais harmoniosos e, certamente, mais iluminados. O caminho para superar a pandemia do desamor e do ódio, que tanto nos prejudica e envilece, passa por dedicar-se mais, como dizia Chiara Lubich, à cultura do dom e do dar-se ou, como afirma o Papa Francisco, à cultura do encontro, que gera fraternidade e amizade social.
Devemos ser capazes de sentir indignação ao ver tantas pessoas desprezadas ou atingidas na sua integridade e valor, mas sempre transparecer a ternura da proximidade e caminhar juntos para esperançar os que sofrem e estão oprimidos. Que coloquemos mais coração nas mãos e justiça amorosa e restaurativa em nossos corações. Deus seja louvado!