XVII Encontro da RedeMiR tem início com memória das vítimas da pandemia

O Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH) deu início, na última terça-feira, 5 de outubro, ao XVII Encontro da Rede Solidária para Migrantes e Refugiados (RedeMiR). Com o tema “Migração e refúgio: acolhimento, proteção e integração em tempos de pandemia”, o evento foi aberto com a memória dos agentes humanitários que falecerem vítimas do novo coronavírus.

Realizado de forma virtual, o XVII Encontro da RedeMiR terá o seu segundo dia hoje, 7 de outubro, e segue nos dias 19 e 21. Entre as organizações que fazem parte da rede está o Setor Mobilidade Humana da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Na edição deste ano, segundo o IMDH, mais de 150 pessoas participam, representando 72 organizações, incluindo seus núcleos regionais, de 36 cidades e 20 estados e o Distrito Federal, de todas as regiões do país. O instituto ressalta que o formato on-line contribui para que um grande número de pessoas e instituições de diferentes regiões do país participem.

 

Memória

A diretora do IMDH, irmã Rosita Milesi, manifestou, em sua fala de abertura, sentimentos por tantas pessoas dedicadas ao trabalho humanitário, e que partiram precocemente, vítimas da Covid-19. A religiosa scalabriniana expressou solidariedade e, em conjunto com todos os participantes do encontro, foram recordados nominalmente os agentes humanitários que partiram. A eles e elas foi dedicado um minuto de silencio e de oração.

 

Interação

Ainda no início do encontro, irmã Rosita lembrou a importância do evento e expressou a alegria de poder partilhar junto a outros parceiros as lutas e conquistas para proteção dos migrantes e refugiados.

“A RedeMiR não está fechada em si mesma. Por isso, todos os encontros nacionais são enriquecidos com a participação de organismos internacionais, de instâncias governamentais, de migrantes e refugiados, de órgãos de defesa de direitos e de colaboradores e colaboradoras. Esta interação é particularmente benéfica, por isso, procuramos sempre considerar esta articulação ampla e propiciar nos Encontros anuais a oportunidade de interagir com muitas forças que atuam no campo da migração e do refúgio”, lembrou a diretora.

 

Monumento humanitário

Irmã Rosita também motivou os participantes a juntos erguerem “monumentos” aos migrantes e refugiados. “Erguer o monumento humano e humanitário da acolhida, da proteção, da promoção e da integração, em resumo, o monumento da promoção humana integral dos migrantes e refugiados. E justamente porque este monumento é ambicioso, é grande e desafiador, não o erguemos isoladamente, mas de forma articulada, no apoio reciproco, na complementaridade, em sinergia”, finalizou.

 

Realidade da migração

No primeiro dia de encontro, Paulo Sergio, do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), e padre Agnaldo Oliveira Jr., do Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados (SJMR Brasil), foram os convidados para a exposição inicial sobre o tema “Integração e acompanhamento dos migrantes e refugiados: o que aprendemos nesses últimos tempos?”

Paulo Sergio tratou sobre o panorama da inserção de migrantes e refugiados no mercado de trabalho. De acordo com o palestrante, a população venezuelana é principal afetada pelas dificuldades de inserção no mercado de trabalho.

“Queria mencionar um levantamento recente feito pelo Banco Mundial, em parceria com o Acnur, que apontou que as pessoas venezuelanas em idade ativa de trabalho têm apenas 33% das chances de conseguir um emprego formal, frente às chances de um brasileiro. Outro dado diz que 55% das crianças venezuelanas em idade escolar ainda continuam fora do ensino regular. Isso é bastante preocupante, a falta de acesso ao emprego formal, crianças e adolescentes fora da escola é uma realidade que infelizmente ainda existe no Brasil”, destacou Paulo Sergio.

Pe. Agnaldo Oliveira Jr. apresentou pontos necessários a serem considerados para inserção do migrante, como: Inclusão dos indivíduos nas mesas de discussão; ter cuidado no tratamento dos casos migratórios para não inviabilizar outros movimentos; fundamentar o contexto para onde estão seguindo os migrantes; distinguir os grupos, para que haja uma tratativa conforme cada necessidade; e atender as demandas dos migrantes indígenas que seguem sendo negligenciadas pelo setor político.

“É importante a realização deste encontro da RedeMiR, com gente de Norte a Sul do Brasil, alguns também no exterior, neste espaço de congregar organizações e pessoas movidas pelo mesmo objetivo de acompanhar as pessoas refugiadas e migrantes”, lembrou o diretor nacional do SJMR Brasil.

Após um momento de discussões em grupos, os participantes puderam acompanhar o relato das experiências de inserção econômica e laboral, através das falas de Yssyssay Rodrigues (OIM), Cristiane Sbalquero (MPT) e Mariana Reis (IMDH).

O próximo dia de trabalho deste XVII Encontro acontece nesta quinta, 7 de outubro, com o tema “Estratégias de proteção para grupos em situação de vulnerabilidade, com destaque para crianças e questões de gênero” e a partilha de vivências e depoimentos de migrantes em sua participação nos “Comitês Estaduais e Municipais para Migrantes, Refugiados/as e Apátridas: funcionamento e desafios.

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