O Centro de Liturgia Dom Clemente Isnard reuniu, nesta semana, liturgistas de todo o país para reflexões sobre os ritos da iniciação à vida cristã. A 37ª Semana de Liturgia, sediada no Mosteiro de Itaici, em Indaiatuba (SP), contou com a presença e a contribuição da Comissão Episcopal para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

De acordo com o frei Luís Felipe Marques, assessor do Setor Pastoral Litúrgica da Comissão, a Semana de Liturgia possui uma sólida tradição na vida da Igreja no Brasil, “contribuindo de forma significativa para o aprofundamento de temas centrais da vida pastoral e celebrativa do país”. Ele recorda que, ao longo de sua história, “a CNBB tem sido parceira constante, apoiando esta iniciativa que se tornou um espaço privilegiado de reflexão, formação e crescimento na vida litúrgica”.

Iniciação à vida cristã

O tema proposto para a 37ª edição da Semana de Liturgia foi “Ritos e preces para iniciar a vida cristã” e volta-se à reflexão sobre os ritos do processo catecumenal, especialmente no contexto da implantação do Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (RICA), que também pode ser aplicado às crianças em processo catequético.

Para o frei Felipe, trabalhar esse tema representa uma grande oportunidade para que mais pessoas conheçam a proposta do RICA, ainda pouco conhecida na maioria das comunidades.

Caminhos do RICA

O bispo de Bonfim (BA) e presidente da Comissão Episcopal para a Liturgia da CNBB, dom Hernaldo Farias, participou do evento junto aos assessores dos três setores da comissão. Segundo ele, a proposta de reflexão é “de grande relevância, pois o RICA nos apresenta caminhos complementares: o caminho ritual e o caminho catequético”.

Esses caminhos se expressam, segundo dom Hernaldo, “na experiência simbólica e celebrativa, que marca a vida dos iniciandos não por anos de catequese nem por conteúdos temáticos, mas por processos de crescimento e maturação na fé, na intimidade com Cristo e na decisão consciente de segui-lo como discípulo ou discípula”.

“Compreender e valorizar esses ritos é essencial para que nossas comunidades possam aplicar o RICA com fidelidade e criatividade pastoral, favorecendo uma verdadeira iniciação à vida cristã, centrada no encontro com o Senhor e na participação ativa na vida litúrgica da Igreja.”

Frei Felipe Marques foi um dos conferencistas da Semana de Liturgia e destaca que o RICA busca integrar de forma harmoniosa o anúncio querigmático (anúncio central da salvação trazida por Jesus Cristo), a celebração litúrgica, o compromisso com a vida e a unidade dos sacramentos da iniciação cristã.

Em sua conferência intitulada “Olhares sobre o pré-catecumenato e a celebração de entrada no catecumenato: integração entre anúncio, conversão e celebração”, frei Luis Felipe destacou a importância de articular a transmissão da fé, o amadurecimento espiritual e a dimensão simbólico-ritual da experiência litúrgica. “Inspirado nos valores da Tradição, o RICA reafirma a centralidade da evangelização, a corresponsabilidade da comunidade e a formação de discípulos adultos na fé”, resumiu.

Diálogo, testemunho e renovação

Para irmã Veronice Fernandes, diretora do Centro de Liturgia Dom Clemente Isnard, a experiência da Semana se enriquece com a presença de leigos e leigas, religiosos e religiosas, presbíteros e bispos.

“O diálogo e o testemunho desses pastores e agentes de pastoral fortalecem o compromisso de levar às paróquias e comunidades o que aqui se aprende e se experimenta. Acredito que esta Semana será profundamente fecunda, ajudando a qualificar o processo de iniciação à vida cristã e, ao mesmo tempo, renovando a prática litúrgica de nossas comunidades. O RICA é uma verdadeira fonte de inspiração para toda a evangelização e catequese, pois nos recorda que a fé se amadurece na experiência celebrativa e no encontro vivo com Cristo.”

Para a Comissão para a Liturgia, a 37ª Semana de Liturgia reafirma, com a reflexão sobre os ritos da iniciação à vida cristã, seu papel de promover o encontro entre tradição e prática pastoral, contribuindo para uma iniciação cristã mais consciente, celebrativa e transformadora.

Luiz Lopes Jr com informações da Comissão Episcopal para a Liturgia