Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba

 

Estamos vivenciando, no território brasileiro, uma história esfacelada, de insegurança, de medo generalizado de tudo, e ameaçada por intolerância, ganância, relativismo, injustiça e muita insensibilidade das pessoas. Foi justamente aquilo que sentiram os apóstolos de Jesus Cristo quando foram ameaçados pela tempestade em alto mar. Eles se viram totalmente perdidos e inseguros.

O barco agitado pelas aguas, no Mar da Galileia, com os apóstolos e Jesus, simboliza a Igreja remando nas instabilidades da sociedade moderna. Ela não perde sua força de ação justamente por ter a presença de Jesus Cristo e a orientação do Espírito Santo. No barco da Igreja estão todos os cristãos, mas ameaçados pelos acontecimentos, que são como tempestade em alto mar.

O medo não pode apagar as chamas de esperança na vida do povo. O país tem como sair do fundo do poço, mas depende da organização da sociedade. Não estamos podendo acreditar mais nos políticos, porque suas ações sempre privilegiam a classe afortunada. Nem os trabalhadores são colocados em evidência, mesmo sabendo que são os que garantem o desenvolvimento da Nação.

É lamentável que tudo isso esteja acontecendo num país de prosperidade e de tanta riqueza como o Brasil. Caminhamos cada vez mais para a falência, na contramão do desenvolvimento, ameaçando a estabilidade de nossas instituições e nos aproximando da falência total. Mas há ainda possibilidade de recuperação, que depende da convergência de esforços e de querer político dos nossos políticos.

O que está faltando, na verdade, é a simplicidade de vida daqueles que têm poder de decisão, seja na área da administração pública, como também de quem detém concentrada força econômica. Os recursos estão aí, mas mal geridos e favorecendo o egoísmo concentrador de alguns cidadãos que não se preocupam com a coletividade. Os destinos financeiros não vão para onde deveriam ir.

Não podemos continuar inseguros, prestes a afundar, porque isso dificulta até o nosso encontro pessoal com Deus. A população vive numa profunda tempestade interior, tendo o stress como consequência e um medo generalizado de um futuro feliz. É uma ameaça para a vida e a dignidade das pessoas. Deus não nos criou para isso, para viver oprimidos e reféns da irresponsabilidade.

 

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