Dom Messias dos Reis Silveira
Bispo de Teófilo Otoni (MG) 

 

Todos nós gostamos de visitar, passear e descansar no jardim. Existe um grande jardim nascido do Coração de Deus. Foi ele, o Santo jardineiro quem plantou o jardim do Éden. Ele cuidou de tudo, todos os detalhes foram bem pensados e amados. No meio do jardim ele pôs  uma grande preciosidade:  o homem e a mulher criados a sua imagem e semelhança. Tudo era belo e “Deus viu que tudo era muito bom “ (Gn 1,31). Essa beleza criada gerou poemas que enchem de alegria à vida. O cântico das Criaturas, de São Francisco testemunha esse gênero literário permeado pela fé.  

Lamentavelmente existe uma má inclinação no ser humano, e essa presente no tentador entranhou-se na vida humana. Uma ferida foi aberta na criação. O jardim estava ferido. Essa má inclinação levou ao desordenamento da vida pessoal, familiar e comunitária. Mas, não parou por aí, pois o próprio jardim começou a ser explorado e maltratado. Tudo parecia muito sutil e por isso gastou longo tempo para se perceber que aquele mal destruidor estava presente,  o jardim estava  sendo tomado por uma grande metástase. Gemidos e gritos já vinham sendo ouvidos há muito tempo. Nos últimos tempo da Igreja fez ecoar o planto de Deus,  que olha para o que ele criou e que era muito bom, mas atualmente está sendo descuidado. Por isso  o grande grito agora é para que se cuide da casa comum e da vida que  nela habita, isto é: praticar a ecologia integral. Não há como pensar essa dimensão sem pensar na vida, na natureza que a  envolve e lhe  dá sustento. Não há também como cuidar da natureza sem pensar  no criador que deseja santificação e salvação da obra criada. Quando se pensa em ecologia integral une-se a terra ao céu. Tudo está interligado assim nos disse o Papa Francisco na encíclica Ladato Si.  

A ferida tem se tornado cada dia maior gerando uma crise socioambiental. A exploração do meio ambiente é muito grande e poucos se beneficiam do resultado. A natureza e a vida que nela habita está sendo dia por dia intoxicada e envenenada. Os impactos negativos diante das mudanças climáticas tem dado sinais de que é preciso fazer algo. Os pequenos vão sendo educados dia por dia para cuidarem melhor da casa comum, mas os poderosos aqueles que têm nas mãos a chave do crescimento industrial e da exploração do meio ambiente,  não estão preocupados com essa crescente ferida. 

É verdade que em alguns  ambientes já houve avanços, conscientização e busca de um  desenvolvimento sustentável sem degradar o meio ambiente. Mas,  vale dizer que as cicatrizes da ferida também estão aí bem visíveis e é preciso fazer algo para que elas não avancem. 

Com a campanha da Fraternidade trazendo o tema da ecologia integral a Igreja quer chamar a responsabilidade para se ter um intenso cuidado do resto do jardim que ainda existe. Quando o jardim não mais existir a  vida também não existirá, por isso a Igreja clama por uma conversão integral. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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