Dom Carlos José
Bispo de Apucarana (PR)
Bispo de Apucarana (PR)
“Por isso, esforcemo-nos em promover tudo quanto conduz à paz e à edificação mútua” (Rm 14,19)
Diante de um cenário de guerra, a humanidade toda se sente vítima dos maus atos e da falta de unidade entre os povos. O mundo está acompanhando, ao vivo e a cores, como se diz, essa guerra insana, desnecessária e inútil. Ao vermos imagens de tanto sofrimento e destruição, lágrimas e dores, nos impressiona o fato de tantos, milhares e milhões, estarem deixando tudo para trás, em busca de um abrigo mais seguro, na esperança de dias melhores, longe dos ataques e das perseguições. Essa porção do povo de Deus vive um novo êxodo, em busca da paz que já não encontram em seu próprio país. Muitos buscam uma terra nova que lhes ofereça ao menos uma parte do que sonhavam possuir nas terras agora destruídas. Famílias que se separam e que talvez nunca mais se encontrarão, órfãos, viúvas, idosos, deficientes e tantos outros, todas vítimas de uma disputa desigual, onde a força do poder das armas silencia qualquer possibilidade de promoção da paz. Não imaginávamos que, depois de tanto esforço para salvar vidas durante a pandemia, causada por um vírus invisível, essas mesmas vidas seriam vitimadas por armas visíveis e mais letais ainda que a covid-19. Na pandemia, muitos bons conselhos evitavam a contaminação e a morte, as vacinas defendiam vidas, o isolamento e os cuidados paliativos permitiram que muitos se salvassem. Muito diferente de uma guerra, de um ataque armado que não poupa ninguém e destrói, além das vidas atingidas, a história de um povo. Os ataques matam, ferem e tiram a paz, enquanto a defesa, que é um direito inalienável, também ceifa outras tantas vidas. Defender-se é um direito, atacar é um absurdo. Muitos países estão vivendo essa situação de terror e de destruição em massa, porém, essa guerra entre a Rússia e a Ucrânia fez a humanidade relembrar as aparições de Nossa Senhora em Fátima em 1917. A Virgem Maria veio do Céu para alertar a humanidade sobre as consequências do pecado que, abundantes, conduzem o homem por vias tortuosas que o afasta cada vez mais da Graça de Deus. Como Mãe amorosa, solícita aos desígnios do Pai, Ela deseja poupar os filhos de todos os males causados pelas iniquidades cometidas em nome de uma falsa liberdade e de direitos adquiridos. A Virgem de Fátima mostrou os meios de salvação e pediu, claramente, que a Rússia fosse consagrada ao seu Imaculado Coração, para que a paz fosse possível. Em vista dos horrores desse conflito e diante do enfático pedido de Nossa Senhora, o mundo pede ao Papa que consagre a Rússia e a Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria para que haja paz. Atento ao clamor do povo crente e fiel, o Papa Francisco, que se ofereceu para ser o mediador da paz entre as duas nações desde o princípio dos ataques, atende de pronto e, no dia 25 de março próximo, dia da Anunciação de Nossa Senhora, fará a Consagração da Rússia e da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria. “Convido cada comunidade e cada fiel a unir-se a mim, na sexta-feira, 25 de março, solenidade da Anunciação de Nossa Senhora, para cumprir um solene ato de consagração da humanidade, especialmente da Rússia e da Ucrânia, ao Coração Imaculada de Maria, para que Ela, Rainha da Paz, obtenha a paz para o mundo”, disse Francisco, que convidou, os Bispos e Padres de todo o mundo a unirem-se a si, nesta Consagração. A consagração à Nossa Senhora é um “reconhecimento consciente do lugar singular que Maria de Nazaré ocupa no Mistério de Cristo e da Igreja, do valor exemplar e universal do seu testemunho evangélico, da confiança na sua intercessão e da eficácia do seu patrocínio. Por Ela, a Rainha da Paz, o mundo poderá viver tempos mais suaves e pacíficos. Em nossa Diocese, todas as Paróquias, Matrizes, Diaconias e Capelas estarão em comunhão com o Papa nesse dia em que acontecerá o Ato de Consagração. Os que matam e os que morrem, todos são filhos do mesmo Deus que espera, pacientemente, a conversão dos corações. Rezemos insistentemente pela paz, confiemos à Virgem Santíssima e ao seu Imaculado Coração que alcance a graça da conversão e da unidade entre os povos, pois Dela é a promessa: “Por Fim, o meu Imaculado Coração Triunfará”.